OS HUMILDES TAMBÉM SABEM ENSINAR

Um de meus filhos estava na fase de concluir a Primeira Comunhão. A participação dos pais é fundamental nesta fase com a presença na Missa aos Domingos, onde ele, juntamente com outras crianças, fazia a leitura de um Trecho do Evangelho. Aliás, foi num destes momentos, ouvindo a leitura de meu filho de um Trecho do Evangelho que aprendi quando tive o meu primeiro contato com o público. Foi quando tinha a idade dele, 11 anos, e fui ler no púlpito da Igreja São Carlos um Trecho do Evangelho numa Missa de Domingo.
Após a leitura houve uma canção de louvor, interpretada pelo coral da Igreja. Durante a execução da canção enquanto todos tentavam acompanhar a letra, um rapaz aparentando deficiência, começou também a acompanhar a canção e ele gritava muito mais alto que qualquer pessoa da Igreja ou do coral, gritava com fervor intenso, mas estava completamente fora do ritmo de toda Igreja. A canção continuava, as pessoas começam a olhar para encontrar quem estava emitindo o “cantarolar” fora de ritmo e, certamente, causando desconforto para muita gente dentro da Igreja durante aquela missa.
O rapaz estava no banco ao meu lado e eu podia sentir amor em sua expressão de fé, mas as pessoas estavam incomodadas, até que uma delas, da fileira a minha frente disse: “alguém aí pode fazer este jovem parar de cantar desta maneira ou retirá-lo da Igreja”.
Meu outro filho menor disse:
– Papai, o Sr. acha que ele está cantando mal?
– Não meu filho, preste atenção… Ele é o único que sabe a letra da canção: a maioria das pessoas na Igreja apenas balbucia a letra, este jovem sabe a letra inteirinha, e é o único que está cantando com amor, da melhor maneira que aprendeu, as outras pessoas estão aqui com a mente, ele está aqui com o coração, se Cristo tiver que escolher alguém desta Missa para cantar no Céu hoje, com certeza, será este jovem trovador.
Ou seja, o que os homens vêem ou ouvem nem sempre é o que Cristo apregoou em sua passagem terrena. Se os homens vissem e ouvissem com olhos e ouvidos de anjo, assim como meu filho mais novo, perceberiam que a fé e a disciplina dele ao cantar, mesmo da maneira como cantava era feita com o coração, o que a maioria dos ali presentes e incomodados, sequer sabiam a letra da música e a fé parecia passar longe.
Aprenderiam assim que o amor é incondicional e independe de ritmo, profissão, grau de escolaridade, classe social, dentre outros e que os humildes também sabem ensinar!

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