A tv brasileira e a sua programação

Ver televisão tornou-se algo estranho no Brasil. As programações agora estão recheadas de ofertas de produtos de que nunca ouvimos falar e sem os quais sempre vivemos muito bem até o momento de ouvir o seu anúncio na TV. Então chegamos à conclusão de que, deste dia em diante, não poderemos mais viver sem eles.
Os canais a cabo, apesar de serem pagos para exibir uma programação, não escapam ao balde de publicidade. Há canal pago que chega a exibir cinco minutos de publicidade no intervalo de um filme, assim como há canal pago que exibe programa de venda de produtos por trinta minutos. Estamos pagando para assistir propaganda e sermos induzidos a gastar nosso dinheiro… Programação mesmo só de vez em quando.
Na madrugada, então, barbaridade: até canais que durante o dia ainda mantêm uma programação adequada, rendem-se ao vendilhão no templo.
Para onde foi a criatividade e o empreendedorismo dos profissionais de TV? Tudo agora parece ser uma grande vitrine para vender algo e não mais entreter o telespectador.
E os canais pagos que, durante o intervalo, fazem propaganda de toda sua programação própria de forma exaustiva e maçante? É de doer no fígado. Perde-se a vontade, muitas vezes, de assistir, em raros momentos, a algumas boas exibições.
A TV paga talvez não devesse exibir propagandas, já que recebe mensalidade. Eles deveriam criar novos canais exclusivamente para propagandas e outros exclusivamente para venda de produtos: os telespectadores que quisessem comprar sintonizariam estes canais e assistiriam ao que estão querendo assistir e não ao que pagaram para não assistir.
Horário político também é um programa para ser excluído das TVs abertas. Cada partido deveria ter seu canal de TV para exibição permanente de suas atividades, sem termos de ser sacrificados muitas vezes para ouvir histórias cujo final e cujas intenções já sabemos. Quem quiser ver o horário político, sintonize os canais dos partidos.
A TV Câmara e a TV Senado foram uma boa iniciativa, e seriam uma ótima iniciativa se a transmissão fosse ao vivo, sem edições. Muitos políticos invadem nossa programação de TV, mas tente manter contato com alguns deles para fazer ouvir em suas reivindicações…
Emissoras que deveriam ter uma cota de programas educacionais mantêm programação integral de evangelização. Nada de errado, se o papel social para o qual a concessão foi criada estivesse sendo cumprido.
Num país onde quase tudo pode, muitos não podem quase nada: precisam se contentar com pouco. Não temos terremotos, mas temos pessoas morrendo nas enchentes. Aceitar tudo é permitir que as coisas andem de acordo com quem fatura com elas e não de acordo com quem gera este faturamento.