RESUMO
O presente artigo pretende demonstrar algumas áreas nas quais os problemas éticos podem comprometer o comportamento das pessoas, assim como a visão relacionada ao processo organizacional, combatendo tal fato e transformando a ética num padrão de atuação capaz de causar benefícios à sociedade.
INTRODUÇÃO
O presente artigo visa demonstrar a necessidade de implementar processos didáticos que possam incentivar comportamentos éticos que valorizem as pessoas e a condução das empresas no mercado.
OBJETIVO
O presente artigo tem por objetivo identificar áreas nas quais a ética não está cumprindo seu papel social e organizacional, sugerindo atuações capazes de inibir procedimentos que afastem as pessoas e suas áreas de trabalho de comportamentos éticos.
REVISÃO DE LITERATURA
Tradicionalmente, a ética é entendida como um estudo ou reflexão, científica ou filosófica, e, eventualmente, até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas também podemos chamar a ética de própria vida, vista conforme os costumes considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento. A ética, em se tratando de normas de comportamentos, deveria chamar-se uma ciência normativa. Tratando de costumes, pareceria uma ciência descritiva. A ética é ligada à questão da liberdade, na qual surge sempre o problema do bem e do mal, da consciência moral e da lei e vários outros problemas deste tipo.
Embora os gregos não gostassem dos questionamentos socráticos, Sócrates foi chamado, muitos séculos depois, de “o fundador da moral”, porque a sua ética (a palavra moral é sinônimo de ética, acentuando, talvez, apenas o aspecto de interiorização das normas) não se baseava nos costumes do povo e dos ancestrais, mas sim na convicção pessoal adquirida através de um processo de consulta ao seu interior, na tentativa de compreender a justiça das leis. Ele abandonou o estudo das ciências da natureza para ocupar-se consigo mesmo e com o seu agir. Se este movimento de interiorização da reflexão e de valorização da subjetividade começou com Sócrates, para muitos o primeiro grande pensador da subjetividade, parece que culminou em Kant, lá pelo século XVIII, pois ele buscava uma ética de validade universal que se apoiasse apenas na igualdade fundamental entre os homens. Sua filosofia voltada para o homem, era chamada de filosofia transcendental, pois buscava encontrar no mesmo as condições de possibilidades do conhecimento verdadeiro e do livre agir. No centro das questões éticas surge o dever, ou obrigação moral, uma necessidade diferente da natural para a liberdade. O dever obriga moralmente à consciência livre, e a vontade verdadeiramente boa deve agir sempre conforme o dever e por respeito ao dever.
A constante busca por resultados tem feito muitas gerências colocarem, num plano inferior, atitudes éticas em relação ao mercado, ao cliente e até mesmo à família. Num sistema capitalista, áreas que deveriam manter soluções éticas se transformam em disseminadoras de problemas aéticos. Hoje, no Brasil, com raras exceções, pode-se mencionar que áreas gerenciais refletem sobre ética no momento em que são colocadas entre a sua escolha que, aparentemente, não causa nenhum prejuízo e logo pode ser superada ou escolher cumprir a meta empresarial, comemorada na convenção anual.
Casos de ética estão mais ligados às empresas que hoje possuem um critério de responsabilidade social, número ainda muito abaixo das necessidades de um país tão diversificado como o Brasil. Áreas que valorizam o trabalho e o trabalhador criam, no colaborador, uma dimensão social da atividade produtiva, inferior apenas à da família; nelas são criados vínculos sociais e comunitários, relações interpessoais e afetivas fundamentais à vida das pessoas e evitam o surgimento de problemas éticos.
O incidente ocorrido com o Tylenol, fabricado pela Johnson & Johnson, fez com que a empresa retirasse imediatamente do mercado o produto, e fez o que era correto, embora pudesse perder dinheiro com isso. Práticas empresariais éticas têm origem em culturas corporativas éticas.
METODOLOGIA
De maneira experimental, propomos a implantação de um novo caminho para ética nas áreas onde se façam necessários programas de qualidade total que facilitem o desenvolvimento de uma cultura empresarial e promovam o comportamento ético nas áreas em questão.
Comportar-se eticamente depende da capacidade de reconhecer a existência de questões éticas nas áreas de atuação. Parece óbvio, mas não é. Os executivos do mundo todo costumam ver a administração como uma prática neutra em relação a valores. O emprego de métodos quantitativos leva os gerentes a se preocuparem apenas com a parte técnica da decisão e a deixarem de lado as questões éticas.
Uma revolução está transformando o ambiente mundial dos negócios: o crescimento da concorrência internacional, o ritmo frenético em inovações tecnológicas e o avanço na informática criaram um novo campo de ação para as empresas. Nesse contexto, muitas empresas japonesas surgiram como produtoras de nível internacional e se tornaram tema de vários estudos sobre sucesso. Tais estudos atribuem seu êxito à implantação de técnicas de qualidade total. Também nos EUA a qualidade total é utilizada e já foram ou estão sendo implantadas em mais de 3 mil organizações norte-americanas, nos diversos setores.
Foco no cliente: um conceito-chave na qualidade total é satisfação do cliente externo e interno. Adota-se, no entanto, uma definição ampla de cliente que inclui não somente os tradicionais consumidores, mas também acionistas, comunidade, colegas de trabalho e outras pessoas que são, de maneira direta ou indireta, afetadas pelos produtos ou serviços da empresa. O reconhecimento da existência de vários clientes ocasiona algumas responsabilidades, entre elas obrigações em relação às comunidades afetadas por fusões e aquisições.
Um item primordial para implantação TQM, reconhece a necessidade de apoio de cima para baixo a fim de possibilitar uma mudança organizacional efetiva. É essencial que os funcionários percebam que as orientações não emanam apenas de políticas escritas, mas também do comportamento real da alta gerência. Os altos executivos devem seguir os padrões éticos que pregam e apoiar o comportamento ético dos demais. É claro que a mudança organizacional positiva exige participação e comprometimento de todos na organização.
Implementar a participação e comunicação por meio do trabalho em equipe, com melhor acesso às informações e derrubada de barreiras de comunicação, constitui meta fundamental do TQM. A comunicação é baseada em dois sentidos: de cima para baixo e de baixo para cima. A alta gerência não pode liderar eficazmente sem transmitir a mensagem da qualidade mas, também, por meio de mecanismos de feedback, como programas de sugestões de funcionários. Através do Empowerment, o TQM reconhece e utiliza o potencial dos funcionários. Integrado com o foco no cliente, o genuíno empowerment dos funcionários é essencial para se chegar à qualidade total na satisfação do cliente. Deve-se dar, aos funcionários, autoridade para tomar decisões e lidar, de imediato, com reclamações dos clientes. A qualidade total é mais que um conjunto de componentes independentes, é o desenvolvimento bem-sucedido de uma cultura cooperativa que promova e incentive o comportamento ético exigindo um processo integrado de melhoria contínua.
RESULTADO
Os conceitos de qualidade total discutidos aqui podem criar uma cultura corporativa que promova e incentive o comportamento ético, pois quando os funcionários têm autonomia e participam ativamente do processo decisório, sentem orgulho de seu trabalho e da organização e têm mais consciência das questões éticas.
Em todas as implementações bem-sucedidas de qualidade total, a alta gerência deve estar comprometida com melhoria contínua da qualidade e com o comportamento ético em toda a organização. Teremos, assim, decisões tomadas em um ambiente que incentive a análise de uma grande variedade de valores, não apenas dos que se traduzam em dinheiro.
Na Levi Strauss, os funcionários são avaliados por subordinados e superiores, dentro da proposta da Qualidade Total: o pagamento de incentivos a trabalhadores em oficinas de costura é vinculado ao desempenho da equipe, não ao desempenho individual. Um terço da avaliação de um funcionário baseia-se em questões como valorização da diversidade, gerenciamento ético, comunicação eficaz e empowerment, fatores que possuem como resultado a ótima colocação desta empresa no ranking mundial.
As empresas verificarão que devem oferecer uma orientação mais concreta a respeito de questões éticas, por intermédio de programas e um código de ética específico. Ressalvamos que, entre as empresas do ranking Fortune 500, 90% têm um código de ética e geralmente eles se referem a questões como conflitos de interesse que possam gerar problemas aéticos.
CONCLUSÃO
A questão ética nas áreas empresariais veio para ficar. Apenas nas universidades norte-americanas são mais de 500 cursos especializados na matéria. O governo dos Estados Unidos promulgou uma lei que torna obrigatória a recomendação do comportamento ético também nas filiais das empresas multinacionais que operam no exterior.
Cresce o número de companhias que têm aprovado e se equipado com códigos de ética baseados no princípio da qualidade total. Sabemos que é complexo o desafio da busca de uma conduta por parte das organizações, mas para seu desenvolvimento e implantação, o papel dos administradores é de vital importância. Não devemos esquecer que tudo começa com uma compreensão básica do essencial da ética empresarial, apresentado com clareza meridiana neste contexto.
Também na América Latina, principalmente no Brasil, a questão é de grande interesse, em decorrência de recentes episódios que envolveram nomes dos altos escalões em determinadas áreas de empresas em eventos nos quais o comportamento ético deixou a desejar. Quando normas éticas são aplicadas em áreas organizacionais, há várias opções a fazer, começando pelas filosofias ligadas à Ética. As filosofias básicas são o utilitarismo, os direitos individuais e a justiça. O conceito central do utilitarismo é a crença que a ética é mais bem aplicada quanto maior for o beneficio para o maior número de pessoas. Os direitos individuais focalizam a proteção de direitos e, finalmente, enfatiza a justiça social e a oportunidade oferecida a todos de procurar significado e felicidade na vida.
BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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