ORGANIZAÇÕES COM FOCO NO SOCIAL E NA HUMANIZAÇÃO

Nós já vivemos a era da reengenharia que, em vez de causar mudanças de idéias, causou um terrível desemprego. Já vivemos a era da terceirização, que se tornou moda e não método, e muitas empresas dispensaram seus funcionários, contratando-os como microempresários prestadores de serviço. Porém, estes não estavam preparados para dirigirem uma empresa.

Atualmente vivemos a era da globalização, uma palavra inventada pelos americanos, que faz o mundo todo trabalhar para eles.

O resultado de todos esses modismos ficou bem claro: alto número de falências de empresas tradicionais, concordatas de empresas sólidas, vendas de empresas com potencial para grupos estrangeiros, fusões de pequenas empresas encampadas pelas gigantes, e, o “simples” fechamento de empresas, baixando suas portas sem ter como pagar sequer os funcionários.

Mas, o pior de tudo isso foi o fruto gerado: a desvalorização do ser humano, que participou desses processos, tentando ajudar sua empresa, e hoje é descartado, como se somente números pudessem indicar lucros, e ótimos resultados fossem o melhor diagnóstico de um negócio. Hoje temos que nos preparar para viver a era emocional, onde a empresa tem de mostrar ao colaborador que ele é necessário como profissional, e antes de qualquer coisa que é um ser humano com capacidades que agregadas à produção da empresa, formarão uma equipe coesa em que o maior beneficiado será ele mesmo com melhoria em sua qualidade de vida, relacionamentos com os pares e, principalmente, o cliente que sentirá isso quando adquirir o produto ou serviço da empresa gerando a fidelização que tanto se busca. O melhor negócio de uma organização ainda se chama gente, e ver gente integrada na organização como matéria-prima principal também é lucro, além de ser um fator primordial na geração de resultados.

E o que é tornar uma Empresa Socialmente Humanizada e Lucrativa? Possuir uma gestão organizacional que garanta a participação em idéias e sugestões de todos os colaboradores e clientes, visando atacar as causas e não permitindo efeito algum. Procurar criar um modelo de administração, independente do mercado, a fim de garantir uma economia paralela interna que objetive crescimento e fortalecimento do elo entre os seus colaboradores e os compromissos com os objetivos da empresa, resultando no atendimento da necessidade do cliente.

Recriar seus produtos ou serviços utilizando o potencial humano disponível nos colaboradores. Investir com capital alheio é comprometimento. Muitas empresas que não faziam questão de contar as passagens aéreas de primeira classe, hoje estão contando até os selos de carta. O mundo dos negócios hoje é um mundo no qual a competência é aferida pela capacidade de liderar interagindo com as mudanças, onde se aprende a desfazer aquilo que está feito e começar novamente. Estar em vantagem não significa permanecer em vantagem. Deve-se procurar investir em novos métodos de realização sem compromisso com dívidas, afinal, temos um futuro econômico imprevisível. No Japão, durante a crise, uma empresa fabricante de veículos, tinha veículos lotando seu pátio e até sendo empilhados, mas não conseguia vendê-los. Para não dispensar operários e contratar vendedores, resolveu fazer de cada operário um vendedor no sistema porta-a-porta. O resultado foi magnífico e em vez de demitir operários, reforçou seu quadro de fábrica. Devemos parar de ser assimilativos de modelos “importados” e ser mais criativos e construir os nossos próprios de expansão e administração. Hoje ter capital não significa ter competência. Idéias inovadoras sempre encontram investidor e não necessitam de emprestador.

Conscientizar a importância de investir no crescimento do indivíduo. Há alguns anos existia o DP – Departamento de Pessoal – que funcionava apenas como um organizador e arquivador das ocorrências dentro da empresas. Hoje as empresas possuem o Depto. de RH – Departamento de Recursos. Mas será que as organizações realmente conhecem o recurso humano que cada colaborador que ali está possui?

Tenho, há muitos anos, o hábito de almoçar ou jantar na casa de meus colaboradores, todos, sem exceção. Ali aprendo sobre eles, conheço suas esposas, seus filhos, suas casas, e fico sabendo como realmente vivem e, o principal, posso notar se realmente minha organização está dando a eles uma vida digna como a que gostariam de ter. Consigo ver além: se ele poderia fazer mais pela empresa ou se apenas faz o que pode. Essas e outras tantas coisas me auxiliam em decisões importantes e tem me mantido distante de praticar injustiças. Ninguém deve ser um número de um Departamento que tem como nome Recursos Humanos.

Aprendi a construir líderes, demonstrando que a liderança somente conquista seu espaço se for seguida e não aplaudida. Descobri também qualidades incríveis de alguns colaboradores que atuavam em áreas diferentes de suas principais qualidades e, ao serem transferidos, não somente experimentaram algo novo como também trouxeram para a organização transformações relevantes. Atitudes que semearam um ambiente de comunidade, onde cada um se preocupa com cada um, onde existe gente trabalhando com gente, criando uma organização de gente, oferecendo um produto para gente. Num lugar onde o compromisso traz benefícios aos envolvidos sempre existe lucro. As pessoas envolvidas numa organização somente avaliam o valor dessa organização se souberem o quanto esta se preocupa com elas.

Uma Empresa se torna Socialmente Humanizada e Lucrativa quando seu compromisso de existência transcende os números. Quando tem suas metas voltadas para uma expansão em grupo, fazendo diferença no espaço que ocupa dentro e fora do mercado, com produtos e atitudes que acrescentem ao mundo mais dignidade de existência e sobrevivência, que tragam benefícios aos envolvidos no campo material, espiritual e humano. Valorizando suas derrotas para transformá-las em vitórias e seguir em frente, tendo certeza de que sempre existirá algo para mudar, e que essa mudança nunca será feita sem o mérito do aprendizado, do crescimento e da justiça. Existe sempre uma saída, nós é que desistimos antes de encontrá-la. Não vivemos num labirinto, mas num universo que ainda precisa ser mapeado.

Mapear uma organização significa identificar seus locais áridos, seus locais tortuosos, sua planície, sua fonte de água, suas florestas, suas zonas produtivas, suas zonas improdutivas e somente então enviar para lá o habitante adequado para desenvolver as características encontradas no terreno.

Nos dias de hoje não basta uma organização querer vencer; pois querer não é vencer; fazer é vencer; e muito mais do que querer vencer é necessário preparar-se para vencer; e uma maneira para se conseguir vencer é tornar a Empresa Socialmente Humanizada.

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