DIDÁTICA E DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO

RESUMO

O presente artigo pretende demonstrar à sociedade a importância da democratização do ensino, derrotando assim a exclusão social, a evasão e o fracasso escolar, através da possibilidade de igualdade ao acesso das informações educacionais. Como idéia sugere uma aplicação didática e uma escolarização gratuita, de no mínimo oito anos, que sejam capazes de serem absorvidas, fornecendo assim uma oportunidade de pôr a sociedade próxima às formações fundamentais da geração de conhecimento básico. Propõe, de maneira experimental, a criação de uma Constituição Educacional, onde a sociedade e o governo atuem em conjunto, mencionando ainda o conceito de Cidade Educadora, na qual as escolas “derrubem” seus muros, permitindo ao aluno produzir conhecimento também fora do ambiente formal da educação, trazendo-o para dentro da sala de aula.

INTRODUÇÃO

O presente artigo visa demonstrar a importância da democratização do ensino como fator de desenvolvimento humano e cultural dentro da sociedade.

Este processo de inclusão na sociedade, como fator primordial da evolução do conhecimento, derrotará o fracasso escolar e oferecerá possibilidades de igualdade ao acesso das informações educacionais.

OBJETIVO

O presente artigo tem por objetivo sugerir uma aplicação didática e uma escolarização que sejam capazes de serem absorvidas, fornecendo assim uma oportunidade de colocar toda sociedade mais próxima das formações fundamentais na geração de conhecimento básico.

REVISÃO DE LITERATURA

Ao longo de nossa história constata-se a necessidade da preparação de nossas crianças e jovens, de uma maneira cada vez mais promissora, a fim de que se possam incluí-los na sociedade com uma participação importante no processo social. Este processo torna-se uma das metas da escola pública.

O trabalho do professor para a execução de tal meta é retratado e praticado em forma de instrução e ensino.

A sistematização dos conhecimentos é proposta pela instrução visando à ampliação das competências intelectuais dos alunos.

Essa sistematização tida como primordial, visa instrução e pode ser considerada como ensino, ocorrendo na transmissão pelo professor e assimilação progressiva pelo aluno de hábitos, habilidades, conhecimentos e competências.

Atuando dentro desses padrões estabelecidos, professores e escolas são peças importantes na realização de responsabilidades sociais e políticas. Ao implantar meios aos alunos para dominarem conhecimentos culturais e científicos, desenvolvendo competências cognitivas e operativas, para que estes as coloquem em prática em suas vidas profissionais e em sua conduta social, rumo à concretização da cidadania. Eis o ponto importante no qual o trabalho em equipe da escola e professor adquire forma real para influenciar a democratização social e política de uma sociedade que se organiza em resultados.

Embora se saiba da importância desta ação progressiva, implantá-la e fazê-la atuar em grande escala tem sido um desafio para governos e sociedade: mesmo sendo um dever do Estado, este ainda busca formas primordiais de poder criar acesso e permanência das crianças na escola básica.

Sendo a democratização a conquista pelo conjunto da população, das condições materiais, sociais, políticas e culturais, que possibilite o aluno a participar na condução das decisões políticas e governamentais, o sistema de escolarização importante é aquele que possibilita a todos, em real igualdade de possibilidades, o domínio de conhecimentos sistematizados e o real desenvolvimento de suas competências e capacidades intelectuais exigidos para o continuísmo dos estudos, série por série, e, ainda, para as tarefas sociais e profissionais que, dentre elas, uma de grande destaque seria a intenção pela democratização da sociedade.

Quando se disponibiliza conhecimentos sistematizados centrados em disciplinas compatíveis aos currículos, desencadeia-se o processo de formação nas habilidades cognoscitivas e práticas, que compreendem o raciocínio lógico, análise e interpretação dos fenômenos sociais e científicos, o pensamento independente e criativo, a observação, a expressão oral e escrita, entre outros. Assim sendo, cria maneiras de ação e forma atitudes, dando mais expansão às suas convicções, pontos importantes para tomarem posição diante das adversidades da vida cotidiana. Desta forma, os alunos adquirem possibilidade de expressar, de maneira mais adequada, aqueles conhecimentos correspondentes aos desejos primordiais da sociedade incluindo-se, progressivamente, nos desafios que toda sociedade exige, quando se decide nela atuar.

METODOLOGIA

De maneira experimental propomos que, ao invés de ações educacionais isoladas e que possuam a duração de um governo e que deixam como marcas escolas abandonadas e alunos com um vazio de continuidade, se façam propostas em que a sociedade ofereça àqueles que não conseguem adquirir conhecimento, projetos educacionais com o compromisso de ensinar, como meta primordial, vinculada ao desenvolvimento da nação, através de uma Constituição Educacional.

Essa Constituição deve reprimir a carência e descaso público com a educação e atuar como uma maneira de perpetuar, através de seu cumprimento, projetos e métodos de ensino duradouros, avaliada temporariamente pela Sociedade onde será praticada.

O vínculo entre a escolarização e o desejo da democratização da sociedade requer implementação dos processos de política e pedagógicos, no qual as duas se completam e uma tem a possibilidade de cumprir o papel da outra. Educadores envolvidos com mais veemência em movimentos sociais e movimentos sindicais visam contribuir para uma nova visão política sobre a implantação da escola unitária, democrática e o ponto primordial: gratuita.

Uma escola pública deve ser democrática com o caráter de garantir a todos os alunos o acesso e a permanência, de no mínimo oito anos de escolarização, incentivando um ensino de qualidade, considerando as características específicas dos alunos que estejam atuando na escola. Ainda em sua atuação participativa, deve conter meios e mecanismos democráticos em seu processo de gestão interna, permitindo o envolvimento e participação da equipe da direção, dos professores e dos conceitos educacionais do País.

No processo de garantir a gratuidade, a escola pública deve reconhecer que é um direito essencial dos indivíduos, em seu caminho para se tornarem cidadãos, o empenho máximo do Estado para seu funcionamento e mantenimento.

Embora a democratização do ensino suponha o princípio da igualdade, é necessário levar em conta, também, o princípio da diversidade. Esta igualdade tem de ser real e não apenas formal. Deve ser citada em pauta e respeitada na prática.

O ensino básico deve atender à diversificação dos clientes, se assim podemos classificar seus alunos, no social, no individual e no político. Daí a importância de se levar em consideração conhecimentos e experiências de vida, visando maneiras para que estes se tornem pontos de referência aos objetivos, conteúdos e métodos, indicando que a escola deva interagir constantemente com as condições de vida da população na intenção de criar adaptação a ela e suas estratégias de sobrevivência, tendo como objetivo primordial evitar a exclusão social, a evasão e, conseqüentemente, o fracasso escolar.

RESULTADOS

Como resultado, a unificação do ensino pode ser parte da solução para ampliação da oferta educativa. É preciso ampliar e melhorar a distribuição de recursos para educação, além de melhorar a qualificação docente, para reconquistar a qualidade do ensino público.

Propostas de ampliação e qualificação do sistema escolar infantil não faltam.

Em resposta à fraqueza política junto à democratização do ensino, surge o conceito de Cidade Educadora: na rua também se aprende. O conceito de Cidade Educadora chega a 281 municípios em todo o mundo, onde os esforços devem vir de todas as áreas: “Os lugares urbanos precisam ser planejados ou reestruturados para se tornarem espaços educadores. Praças, museus, lojas e shopping centers entram também nessa concepção, assim como as organizações não governamentais, os meios de comunicação, as associações populares, os sindicatos e os partidos políticos”, segundo Grover Pango (membro do Conselho Nacional de Educação e ex-Ministro da Educação, do Peru).

Para ter um papel ativo nesse cenário, as escolas precisam “derrubar” seus muros, permitindo que o aluno produza conhecimento também fora do ambiente formal da educação e o traga para a sala de aula. “Muitas vezes, o professor não sabe o que a cidade oferece. Nesse sentido, o poder público tem o dever de fazer a ponte entre os recursos oferecidos pela municipalidade e os educadores”, cita Alicia Cabezudo, coordenadora do Programa Rede de Direitos Humanos na América Latina e diretora do Escritório Regional de Cidades Educadoras na América Latina. Dessa forma, é possível “aprender a cidade, aprender na cidade e aprender da cidade”.

CONCLUSÕES

Seria interessante se, daqui a alguns anos, já tivéssemos compreendido que educação e escola são partes integrantes da cultura de um povo; que a escola não consegue produzir sozinha a igualdade quando a sociedade é desigual, excludente e injusta; que a escola é apenas um dos espaços de socialização e produção de cultura e, como tal, só pode pôr em circulação no seu interior o que está sendo produzido no conjunto da sociedade. Assim como cabe entender que os nossos professores não serão nem mais nem menos cultos ou ignorantes que a média da sociedade em que vivem.

Acredito que tenhamos uma escola em maior sintonia com os avanços sociais e culturais que formos capazes de gerar, mas isso apenas daqui a alguns anos.

Com uma geração de professores atribuídos com o compromisso social e ético, no qual fica estabelecido o trabalho de preparo visando transformar alunos em cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultural e política. E assim tornando uma atividade fundamentalmente social, por contribuir para a formação cultural e científica do povo, um feito indispensável para seguidas conquistas democráticas.

Ao se posicionar de maneira consciente rumo aos interesses da população majoritária de uma sociedade, o professor atribui em sua função profissional uma competência técnica – a qual será utilizada na luta ativa por interesses que visem melhorar as condições de vida e de trabalho, numa ação concomitante pela transformação das condições que compõem as características de uma sociedade.

BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GODOY, Arilda Schimidt. Didática para o ensino superior. Editora Iglu, 2000.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Cortez Editora, 1990.

MARTINS, Pura Lúcia Oliver Martins. A didática e as contradições da prática. Editora Papirus, 2a edição, 2003.

MELLO, Guiomar N.. Educação e transição democrática. Editora Cortez, 1987.

ROSENBERG, Lia. Educação e desigualdade social. Editora Loyola, 1984.

Participação no debate realizado no auditório do Jornal Folha de São Paulo (no dia 22 de Março de 2004) com assessores dos quatro principais candidatos à Presidência da República na estréia do caderno Sinapse – suplemento mensal voltado para a educação continuada que pretende estimular a curiosidade e o interesse pelo conhecimento.

Participação no Fórum Mundial de Educação: “O MEC é contra a mercantilização das vagas” em São Paulo no dia 03 de Abril de 2004.

Artigo do argentino Jorge Werthein, 61, Ph.D. em educação e desenvolvimento pela Universidade de Stanford (EUA). Foi diretor do escritório da Unesco em Nova York e Washington entre 1994 e 1996. É o representante da Unesco no Brasil desde julho de 1996.

Artigo da catarinense Agueda Bernardete Bittencourt, 52, doutora em educação. É diretora da Faculdade de Educação da Unicamp e professora da graduação e da pós. Coordena a equipe brasileira da Rede de Pesquisadores sobre Educação, Cultura e Política na América Latina – além do Brasil, a rede reúne pesquisadores do México, da Argentina e da Colômbia.

Material da Conferência Mundial sobre Educação de 1998 realizada pela UNESCO.

Leave a comment