Essa palavra que, por si só, já é carismática, pode revelar muito, dependendo do ponto de vista de quem a emprega.
Em dicionários encontramos algumas definições comuns para ela. Em termos médicos é uma doença (epilepsia). Na sociologia é o conjunto de qualidades excepcionais inerentes a um certo tipo de líder. Nas religiões é uma força divina conferida a uma pessoa, tendo em vista a necessidade ou utilidade em uma comunidade religiosa. E, para muitas pessoas, é atribuída a alguém de qualidades especiais de liderança, seja por sanção divina, mágica, diabólica, ou apenas de individualidade excepcional.
Eu não acredito que sejam apenas essas frases que definam carisma.
Acho que algumas pessoas não procuram ver como as outras são, mas sim projetar nelas aquilo que gostariam de obter. Muita gente também tenta ser feliz evitando a dor e não busca a sua felicidade. E, quando uma pessoa encontra outra que a seduz está vendo nela apenas uma possibilidade de ter algo que não consegue enxergar em si mesma.
Todos nós temos um “algo” que é capaz de seduzir alguém, pelo simples fato de que alguém esteja carente desse “algo” que temos.
Eu acredito que carisma seja uma linguagem de expressão, uma técnica, não um dom herdado pela genética ou qualquer outra coisa.
Está relacionado com nossa maneira de influenciarmos as pessoas a acreditarem naquilo que estamos fazendo.
Um artista tem carisma, quando o público se fascina com sua apresentação no show e, muitas vezes, não consegue manter um casamento ou exercer o mesmo carisma com um filho pelo simples fato de ser uma linguagem, e, a linguagem do palco não é a da vida. Assim como ocorre também o inverso: existem pessoas que possuem esta linguagem na vida, mas seriam expulsas de qualquer palco às tomatadas.
Por isso acredito que o carisma deva ser mantido como uma técnica, apesar de algumas pessoas o praticarem sem sequer ter conhecimento disso, simplesmente agindo.
Eu creio que a melhor maneira de ser uma pessoa carismática, é ser uma pessoa autêntica com muito carinho, educação e respeito, conquistando assim a atenção de seus interlocutores.
Outro grupo de pessoas é aquele que tem seu “carisma natural” e o perde ao longo da vida. É nessa hora que as mulheres mais reclamam dos maridos e dizem: “ele mudou muito, ele não era assim; era uma pessoa carismática”. E, como técnica, necessita ser descoberta e alimentada diariamente, senão ela pode morrer facilmente diante da ferrugem das rotinas diárias.
Acho que só há uma maneira de conquistar pessoas: se, ao invés de nos aplaudirem, nos seguirem. E quando digo seguirem é pela vida, não apenas por uma parte dela. Para isso você tem que ser uma pessoa verdadeira, com valores de existência.
Veja os políticos, por exemplo: muitos, ao longo da história, utilizaram a linguagem da técnica de carisma para conquistar votos e confiança do povo, entretanto alguns deles, hoje, não seriam reeleitos sequer como síndico de seu próprio prédio.
Entende agora porquê defino carisma como uma técnica? Porque se você possui carisma e não o exercita, por quanto tempo pode durar a “conquista das pessoas” ao seu lado?
Eu não diria que Lula é uma pessoa carismática. Foi, não é mais. Hoje ele é mais um produto da política que se movimenta de acordo com os precursores deste “produto”.
O carisma terá um efeito maior quando a pessoa for autêntica.
Ayrton Senna não era muito carismático. Era um líder, talvez um dos grandes líderes do mundo, pois fazia as nações seguirem a Bandeira Brasileira pela TV a cada vitória sua. Digo isso porque as pessoas confundem carisma com capacidade de liderança. Ele foi um dos grandes heróis de nossa história, pois mostrou ao mundo que o Brasil está no mapa.
Quer conhecer um brasileiro que vejo como muito carismático? Roberto Carlos! E olha que ele tem seguidores há muito tempo. Lança um CD com as mesmas músicas que já conhecemos, os fãs compram aos milhões e milhões, vão aos shows ouvir a mesma coisa, todo ano assistem na TV o mesmo especial… Isto é carisma!
Muitos diziam que a princesa Diana era carismática. Eu penso que ela era tímida e sofrida e isso fazia com que as pessoas sentissem carinho por ela. Certa vez ela ficou lado a lado com Madre Teresa de Calcutá e “sumiu” na cena: o carisma venceu e, naquele momento, Madre Teresa era a verdadeira princesa.
Carisma não é competência primordial para o sucesso no trabalho. Não nego que ajuda muito, mas não é tudo. E, por muitas vezes, causa ciúme organizacional. Se for de homem então, nem falo mais… Ciúme de homem para homem é pior que o de mulher.
Grandes empresários nem sempre são carismáticos, Jach Welch, ex-CEO da GE é muito carismático, tanto que ganhou a mídia mundial, mas é uma das poucas exceções.
Silvio Santos é um exemplo de empresário carismático e bem-sucedido. Já Roberto Marinho é apenas um ótimo empresário, mas não tem carisma. Dentro do universo empresarial religioso, digo dessa forma, pois muitas igrejas se transformaram em verdadeiras organizações, o carisma é fundamental ao Pastor, e é medido pelo numero de fiéis que leva aos cultos. Existem muitos pastores que falam em igrejas vazias. Apenas com o carisma de Betinho quase se conseguiu matar a fome do Brasil…
Deixo aqui o teste de fogo: é impossível que sobreviva 24 horas por dia, no dia-a-dia, sem o exercício constante. O carisma, como técnica, é um lampejo onde você tem que manter a chama acesa, a toda hora, pois todos nós temos nossos momentos de revertério.
Acredito que, nos relacionamentos, as pessoas devam se esforçar ao máximo para não se influenciarem pelas mazelas da vida e que nunca devam se esquecer daquilo que as uniu. Um coração apaixonado 24 horas por dia, durante toda uma vida, pode sustentar o carisma.
Então, se você acha que não tem carisma nos seus relacionamentos, sejam eles pessoais ou profissionais, tente materializá-lo de outras formas: através de um reconhecimento, de perdão, de um carinho, de um toque de saudade…
A única maneira de mostrarmos às pessoas aquilo que realmente queremos que elas pensem de nós é sendo verdadeiros.
O carisma só sobrevive, assim como as pessoas, baseado na verdade.