O SEGREDO DOS VENCEDORES 10

Nesse mercado cada vez mais informatizado, onde as mãos das pessoas apenas clicam em mouses e tocam em teclados de computadores, algumas profissões correm risco de extinção.
Porém, algumas dessas profissões sobrevivem, lutando, e se tornam vitoriosas neste universo frenético, pelo fato de estarem além desse movimento massificante de produtos e serviços.
Pense, por exemplo, no mercado de “ternos sob medida”! Hoje é tão simples entrar em uma das muitas lojas deste produto e encontrar uma variedade e tanto de ternos: basta vesti-lo; o atendente fazer as devidas marcações de ajuste; a roupa vai para o departamento de ajuste, e, enquanto isso você toma um café e o “seu” terno vai ficando pronto, podendo até sair vestido com ele.
Mas, para quem conhece os detalhes e a tradição de um terno sob medida. Esses “ternos prontos sob medida”, não são tão sob medida assim. Fica fácil saber que aquela roupa foi comprada pronta e ajustada, na medida do possível, e nunca será um terno sob medida.
“Sob medida” é um termo de muita responsabilidade e requer também tradição, assim como muito profissionalismo. Os amantes da união: agulha, linha, tecido sabem bem disso… Esta é uma união que necessita de requinte e tem de ter história, além de ser feita por mãos e coração habilidosos amantes da arte de ser um “Alfaiate”.
E, por falar em Alfaiate, encontro em plena e ampla atividade o “Mestre Alfaiate D’Carlos”. Ele é discípulo da perfeição na arte de ternos sob medida. Um profissional que produziu ternos que vestiram as maiores personalidades deste país: do mundo artístico, político e empresarial. Isso sem contar as personalidades do universo da moda…
Seu trabalho acaricia o manequim de quem tem o privilégio de ser escolhido por ele para se tornar seu cliente. É, ele escolhe os seus clientes. Afinal para vestir-se com uma obra-prima de D’Carlos, tem de ter estilo e, mais ainda, saber a importância e a maneira correta de portar-se com uma de suas criações do universo da Alfaiataria.
Enquanto muitos profissionais do ramo renderam-se a ajustar roupas em lojas de shoppings, com seus corações partidos, porém atuando dignamente como missão de sobrevivência no mercado, mesmo tendo em suas almas as leis do alfaiate, porém fazendo de suas mãos preciosas um instrumento de uma costura aqui e ali, um ajuste lá e outro acolá, D’Carlos dedicou sua vida profissional a manter as tradições seculares da tesoura, do giz e da prova.
Seu local de trabalho é um verdadeiro laboratório de “cientista-alfaiate”. Ali os milímetros são tratados com respeito, os botões com dignidade, a tesoura como um bisturi preciso, as linhas como aviamentos dourados. Isso tudo, sem contar o som das máquinas de costura com a sincronia de uma orquestra, a agulha como a batuta de um grande maestro pois, afinal, cada obra-prima produzida por suas mãos é realmente uma linda sinfonia, orquestrada pela genialidade e amor à profissão do “Mestre D’Carlos”.
Entre essas paredes, tecidos das mais variadas partes do mundo, ainda se vêem fotos que retratam a memória e eternizam momentos de fama e glória deste profissional e, de quebra, se esbarra em ternos e blazers semiprontos, relaxando o estresse da produção em manequins requintados, aguardando a prova final. Sim, prova final, pois ele não termina uma obra sem suas tradicionais três provas. Só depois disso ele conclui, com seu toque de Midas, e entrega ao seu cliente, e que cliente, sua mais recente criação.
Assim, ali vai para o mercado um produto que foi elaborado com arte, dedicação, perfeição e uma imensa fatia do coração de seu criador, o Mestre D’Carlos.
D’Carlos é um case que pode sugerir, para muitos profissionais, como o amor e dedicação no que se faz, pode resultar num produto diferenciado e, nesse caso, um verdadeiro objeto de desejo no universo da Alfaiataria.
Sua genialidade é tão especial que um de seus amores era um fusca. É, o fusca do D’Carlos. E quando ele fala deste seu amor, entristece. Por uma justa razão: roubaram o fusca dele… Não era um simples fusca: era um fusca azul, com sobrancelhas no farol, calotas pintadas na cor do carro, coroadas pelos pneus faixa branca, ano 66… Com certeza este fusca está triste onde quer que esteja… Se você encontrar um fusca triste assim por aí, pode ter certeza que é o do D’Carlos: sua perdida obra de arte.
A história e o trabalho de D’Carlos são inspiradores.
Coisas de vencedores…

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