OS PERIGOS DO OCULTISMO

Há muito tempo atrás, o latim era a língua universal. Depois com a supremacia da Grécia nas conquistas passou a ser o grego. Hoje, pela globalização tão difundida pelos Estados Unidos é o inglês, mas ainda resta a grande esperança européia de que a língua universal venha a ser, como o próprio nome diz, o esperanto, um idioma artificial com uma gramática contendo apenas dezesseis regras.
Bem, comecei com essa explicação apenas para dizer que, no início, a sabedoria estava oculta em manuscritos indecifráveis e que, por muito tempo, a própria bíblia ficou escondida e era saboreada somente pelos cultos, em latim.
Esse sujeito oculto garantia a veracidade de algo que era muito importante na vida das pessoas.
Na Índia alguns gurus fascinaram pessoas com a levitação e tudo o mais que conseguiam ocultar, desde centenas de anos atrás até hoje.
Levitação era o sinal maior de um ser iluminado: apenas aqueles que já estavam próximos da grande preparação poderiam conseguir tal feito, eis aí o tão desejado caminho do mestre Buda.
Mas, hoje, as coisas não funcionam bem assim; não estão mais tão ocultas assim, ou melhor, estão se “desocultando” para o espanto dos crentes e descrentes…
Em uma visita a Índia, conheci um destes indianos que passa a vida desvendando os segredos do ocultismo. Na verdade, um cético que encontra explicação para tudo e sempre dá ótimas explicações, colocando em dúvida muitas das ações desses espertalhões ocultistas.
Ele era um tipo de Padre Quevedo Indiano.
Aliás, o Padre Quevedo, ao longo de sua carreira de estudos e experiências, já mostrou e provou que, na cartola mágica de muitos ocultistas, existe uma profunda intenção, bem escondida, de tirar um oculto proveito do ocultismo.
Numa dessas andanças, ao lado deste Quevedo Indiano, avistamos uma verdadeira multidão que ralava seus joelhos no chão para chegar perto da respiração de um Sufi que estava suspenso no ar.
Literalmente, ele levitava, nada embaixo, nada dos lados…
Quando a noite chegou o povo tinha de se retirar, pois o iogue tinha de voltar à terra e só poderia fazê-lo sem ninguém por perto, afinal seu ato de ocultismo envolvia espíritos que poderiam assustar as pessoas, e ninguém queria arriscar.
Eis que, com a mesma leveza, seus pés deixam o céu e pisam o solo.
Não nego que meu coração quase saiu pela boca de tanto espanto.
Acompanhe bem agora o restante da história…
Este iogue vestia aquelas roupas típicas indianas, traje completo. Tinha um cajado bem legal e sua levitação na posição de lótus, aquela de pernas cruzadas em xis, era perfeita. Seu braço apoiava-se apenas no cajado, enquanto levitava.
Nada havia abaixo, acima ou aos lados dele.
Mesmo quando ele saiu da posição, continuou segurando o cajado.
Foi aí que meu acompanhante, o Mister M indiano, chamou minha atenção para o cajado.
O truque era esse: enquanto ele estava na posição de lótus segurando o cajado, uma barra de madeira entrava pelo punho, por debaixo da roupa, e escondia um tipo de banco suspenso, onde o iogue tinha apenas de se manter equilibrado.
Durante centenas de anos, e até hoje ainda, aqueles que não conhecem o truque, rendem graças a estes “picariogues”.
Acredito que o oculto é bom, mas apenas para quem oculta algo.
O Mestre Jesus fazia e praticava seus atos sem ocultá-los, onde todos pudessem ver e crer.
Ainda na Índia, conheci o tão famoso “Vôo de Maharishi” no qual, segundo seus praticantes, a pessoa entrava em tão profundo grau de meditação que poderia fazer um vôo na posição de lótus por alguns metros. Este Mestre da Filosofia Védica, Maharishi Mahesh Yogi, chegou a ter uma fama descomunal quando levou para sua platéia os Beatles. Sim, todos eles, Paul, John, Ringo, George, em carne e osso…
Dizia-se que este Yogi podia voar.
Quando o conheci, com o Mister M indiano, vi muitas pessoas meditando em almofadas e, de repente, saíam saltando na posição de lótus alguns centímetros à frente.
Vejam que estou dizendo saltando e não voando, pois eles davam impulso ao corpo com as pernas em posição de lótus, levando uma força impulsora para os joelhos. E, por incrível que pareça, todas essas pessoas, ao saírem do transe, afirmavam ter voado.
Na minha mente, com certeza, eu mesmo já saltei do Grand Canyon e me saí muito bem, bastou voar – descobri assim como minha mente é poderosa.
Depois de descobrir o ocultismo do vôo de Maharishi, fiquei sabendo que ele realmente voa quando vi, no equivalente à sua declaração de renda, que possuía apenas dois helicópteros para locomover-se pela Índia…
Eu poderia passar muito mais tempo falando do ocultismo que oculta e às vezes cega mas, nem sempre, os olhos vêem o que realmente deveriam ver.
Muita gente necessita de algo para acreditar e se apegar.
Algo que possa lhes dar um fio de esperança numa busca cega pela verdadeira crença.
Infelizmente, nesta cegueira, deparam-se com espertalhões e oportunistas que lhe dão uma crença sob a penhora da alma, traficantes da religião negra, que viciam de graça e alimentam o vício a um preço impagável, sem oferecer uma chance de arrependimento.
Muitos acabam nem tendo a oportunidade de saber que, por onde caminhavam, havia um caminho sem volta…
Procure seu caminho com os olhos abertos, pois nenhuma luz jamais vai se ocultar na escuridão.
Procure sua verdade em você mesmo, pois nenhuma verdade jamais vai se ocultar na mentira alheia.
Procure seus conhecimentos nos livros sagrados, pois nenhuma sabedoria vai se ocultar na hipocrisia.
Procure sua fé no amor ao próximo, pois nenhum amor vai se ocultar no ódio.
E, se você procurar direito, verá que tampouco Deus estará oculto no caminho do inferno…

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