PROFISSÃO: PROFESSOR

Estamos, no Brasil, com um déficit de 254 mil professores e que deve se agravar ainda mais com as aposentadorias dos que estão na ativa (55,1% dos docentes brasileiros têm mais de 30 anos, segundo a CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação).
Em São Paulo, por exemplo, existem escolas que não conseguem professores de química ou geografia.
Eu acho que hoje, profissionalmente, em se tratando de conhecimento e atualização, nunca se teve um tempo como este, graças à globalização das informações e as possibilidades de pesquisa em diversas partes do mundo, sem sair de seu escritório ou de sua casa. Os educadores de hoje têm a possibilidade de, cada vez, mais buscarem aperfeiçoamento de seus conhecimentos aumentando suas competências e quem ganha com isto são os alunos, pelo motivo de estarem diante de professores bem preparados.
Financeiramente, ainda há muito que se fazer, desde o ensino primário até o universitário. É impressionante que nosso governo ainda não tenha notado o poder que a educação tem na formação de um país melhor e nem o quanto economizariam em programas sociais.
Infelizmente os jovens que estão entrando para o Magistério hoje são claros e taxativos: “Não quero morrer de fome dando aula”; “Quero trabalhar em museus ou laboratórios onde o salário valha a pena” e, pior ainda, “Dar aulas para ser maltratado por alunos e ter uma profissão totalmente desrespeitada?”.
Quero aqui mostrar que existem outros pontos que esses futuros professores devem ter em mente. Um ponto favorável é a expansão de Faculdades e Universidades particulares, criando novas oportunidades para os profissionais de ensino, e que brevemente seguirão uma política de remuneração atualizada com as necessidades profissionais dos professores, como já vem acontecendo em alguns bons colégios particulares “puxando” os professores da rede pública para suas salas de aula.
Eu, pessoalmente, atuo nesta área com muita paixão e pretendo num futuro próximo dedicar-me ainda mais a esta atividade, que segundo D. Pedro I: “se pudesse escolher uma profissão escolheria a de professor”.
Uma profissão gratificante e de novos rumos sempre uma profissão do futuro, afinal as pessoas caminham nesta terra há 12 milhões de anos e a única coisa que vêem repetindo neste tempo todo é o processo de aprendizado.
Eu reconheço que a didática de ensino deve mudar muito e se adaptar novamente. Nós progredimos da “palmatória” ao “laptop”. Eu acredito que não falte muito para progredirmos para um reconhecimento salarial mais justo e para métodos com mais resultados em reter a atenção dos alunos na difusão da informação.
Professores devem se automotivar por suas novas descobertas, por suas novas pesquisas e o desejo de ver seu trabalho discutido numa sala de aula.
Não acredito que a motivação dos professores é a causa, nem conseqüência. Muito mais que isso é um instrumento didático, que torna o professor um elemento educativo, com capacidade de contagiar através de persuasão. Uma vez que toda informação apresentada, de uma maneira que contenha emoção, é mais fácil de ser assimilada e difundida, não só no mercado educacional, mas em todos os contextos de expansão de informação. A motivação é hoje elemento primordial para qualquer profissional. Ela tem efeito contagiante, auxilia na credibilidade, mostra empenho e demonstra carisma, assim como interesse nos alunos.
Vislumbro boas perspectivas para a classe docente, possibilidades de trabalho crescendo, o nível de informação está se superando e a classe está se integrando cada vez mais. Basta ver o número de professores em Congressos há alguns anos atrás comparados com a lotação dos Congressos de hoje. Existem até professores que pensam em fundar uma cooperativa educacional e conduzirem Universidades Cooperativadas por todo Brasil. Eis aí o professor empreendedor, indo além da atuação em sala de aula.
Narro, em um de meus livros chamado Fábrica de Gente toda história de um projeto, mostrando como modificar condutas e desenvolver cidadania para cada um dos funcionários da fábrica. Além de estar em todas as livrarias do Brasil, é também adotado em diversas Faculdades e Universidades. Na verdade, os conceitos, a experiência do livro e a vivência, são conceitos para serem discutidos em sala de aula, como um case, capaz de causar reflexões profundas no universo humano e social.
Acho que o professor não precisa nem de shows ou piadas… Ele precisa, nos dias de hoje, conhecimento para transmitir informações, saber como o cérebro atua, como recebe e armazena essas informações. Conhecimento de relacionamento humano e também de comportamento. De nada adianta uma avalanche de informações se o aluno não aprende nem 1%. Mais vale o que se aprende, do que aquilo que se ensina.
Professores têm de estar sempre dispostos a se relacionarem ao nível do aprendizado do aluno. Tenho sugerido a muitos deles, em Congressos nos quais faço palestras, que procurem o curso de oratória do Reinaldo Polito. É fundamental nos dias de hoje não só passar informações, mas saber como passar estas informações de maneira nutritiva e com resultados positivos. Alguns professores não se preocupam em conhecer como as informações podem ser transferidas de maneira agradável, apenas dão aula.
Conhecimento; espírito de pesquisa; causar reflexões; causar muitas dúvidas; comunicação verbal; conhecer bem cada um de seus alunos; ele mesmo, o professor, tem de estar entusiasmado; mostrar-se interessado pela situação dos alunos e ter informações privilegiadas.
A barreira ao longo dos tempos, inserida na história pela rigidez de muitos professores, fez com que esporádicos professores que contassem uma piada e se mostrassem alegres, levassem uma vantagem e tanto no ensino, mas, por outro lado, em pesquisa que realizei junto a alunos, descobri uma coisa interessante: os alunos se lembram, em 99% dos casos, apenas dos professores que foram mais exigentes com eles. Isto prova que exigir resultados dos alunos deve fazer parte do relacionamento, assim como respeito e confiança.
Hoje, os professores  têm de procurar ser generalistas: conhecerem muito além de sua área de ensino para poder ensinar e compreender esta nova geração de alunos, que necessita de uma nova geração de professores. Tenho dito que, atualmente, pais ao terem filhos deveriam ter de obter um diploma sobre como criar estas novas crianças, estes novos jovens. Muitos pensam que a escola deve fazer tudo, evitar tudo… E nós sabemos que milagres são um outro departamento do Universo Celestial…
Para os pais recomendo que nunca estejam ocupados demais para dar atenção educacional aos seus filhos, nunca… Nenhuma escola do mundo consegue salvar um aluno condenado pela ausência dos pais. Talvez a aproximação maior das escolas junto aos pais, com um número maior de reuniões e até um curso de profundidade auxiliaria as coisas a ficarem melhor. A convivência em família é fundamental em qualquer processo educacional. Um aluno nunca deve sentir-se sozinho em sua escalada do conhecimento.
Acho que um professor deve ensinar a sonhar: a sonhar que o aprendizado que está ministrando pode ser um ótimo companheiro para se obter tudo aquilo que o aluno pensa conseguir em sua vida, que o conhecimento é o caminho do saber, e o saber auxilia no caminho do ter e do ser.
Um professor deve sempre fornecer o maior número de informações e conhecimentos possíveis. Estas são as ferramentas, além de deixar claro ao aluno que, em determinado momento de sua trajetória, ele pode precisar de um martelo, ou de um simples prego, ou até mesmo saber que um dia Alexandre (o Grande) espirrou. Só planeja quem tem informações para planejar.
O que está disponível é a informação, não o conhecimento, o que significa transformar a informação em resultado aplicável.
A Universidade tem de encontrar maneiras de fazer estas informações atuarem na vida dos alunos e da sociedade, de forma produtiva.
“Aluno não pode pensar e deve entrar mudo e sair calado, quem manda aqui é a escola…”, eu já ouvi está frase…
Quanto mais as escolas souberem sobre seus alunos, quanto mais informações tiverem sobre eles, mais poderão estar próximas de decisões importantes para fortalecer o relacionamento e oferecer benefícios a ambos os lados. A política do Cliente seria uma boa regra para a criação de uma base de atuação, até porque, hoje, as escolas concorrem entre si, basta notar as propagandas.
Este comportamento social das escolas é puro despreparo com relação às novas fronteiras da administração. Como exemplo posso citar a Faculdade Strong de Administração em Santo André, conveniada a FGV, que possui um tratamento muito especial com todos os alunos. Vale conhecer, é um bom case.
Ensinar a escrever não é transmitir saber. Sou a favor de, no primeiro dia de aula, o professor dar todas as questões que irão cair nas provas do ano e passar o ano discutindo as respostas até o dia da prova. Educação hoje é discussão de idéias, oferecer o essencial para gravar o primordial.
Uma experiência magnífica aconteceu comigo recentemente: fui para ensinar e aprendi muito. É impressionante a capacidade de ensino de uma organização chamada de Exército Brasileiro. Os professores de Exército possuem um preparo que todo professor do mercado educacional sonharia ter. Com isso a educação do Brasil descobriria um modelo e tanto, e o Gal. de Exército Francisco Roberto de Albuquerque ficaria orgulhoso de saber que o processo “Braço forte e mão amiga” ensinaria muitos brasileiros.
Penso que o elo de ligação entre escola e aluno é o professor. Pois, na verdade os alunos não buscam identidade, eles criam sua identidade, baseadas nas informações que seus mestres lhe transmitem, aliadas à cultura familiar.
Nossa história começou a ser escrita nos bancos de escolas, e ainda é e será assim por muito tempo.
Talvez seja esta a razão que me faz crer que, a metodologia de ensino, deva fazer os alunos refletirem e discutirem com as ferramentas que a escola lhes dá e que, assim, terá em mãos um poderoso instrumento na formação de pessoas.
Acredito que uma instituição motivadora é aquela que respeita o aluno, os seus ideais; vai além do banco da escola, difunde conhecimentos privilegiados, conduz sua didática num caminho de resultados… É mais que colocar informação nos cérebros: é colocar inspiração no coração e desenvolver a crença de que o aluno poderá construir uma brilhante carreira com o curso que está vivenciando.
Ser professor, mais que uma carreira, eu acredito que seja uma missão, que exige total conhecimento de aptidão e desenvolvimento de competência.
Os professores, para se manterem motivados e atualizados, têm de reconhecer que mesmo sendo ótimos professore têm sempre algo para aprender.
Aluno não pode desmotivar dentro do conceito educacional porque ele é o motivo do professor estar lá. Quando um professor acredita que os alunos estão tirando seu entusiasmo de dar aulas, é o momento dele refletir e se questionar: (1a) O que devo parar de fazer, (2a) O que não estou fazendo, e (3a) O que devo fazer?
Um professor desta nova era da educação, deve desenvolver competências e habilidades não só na matéria que ministra, mas em relacionamento e comportamento dos alunos; conhecer mais sobre este item causa mudança de paradigmas, mudança de atitudes, mudança de conceitos, mudança de hábitos, que são necessárias para estabelecer um relacionamento nutritivo, que motive não só o aluno como também o professor.
Ao longo da história, sinto que faltou aos professores um pouco de ousadia. É evidente que a profissão em termos de remuneração, principalmente na Rede Pública precisa ser revista. Vencer essa dificuldade requer criatividade, foco em buscar novos mercados, abandonando sua zona de conforto. Ganhar pouco hoje não é sinônimo de que se vá ganhar pouco durante toda profissão. Hoje não basta o professor ser inteligente, ele tem de ser criativo. Uma pessoa inteligente inventou a roda. Uma pessoa criativa colocou um eixo entre duas rodas.
Brevemente, haverá necessidade de 500 mil novos docentes para lecionar nesse país. Seja um deles!

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