UM ZOOLÓGICO PARA POLITICAGEM BRASILEIRA

Aquele foi um dia em que não pude contornar a tristeza. Eu estava vendo TV, com meus três filhos ao meu lado, e presenciei as águas de janeiro causando deslizamento na cidade de Belo Horizonte e espalhando muitos traumas.
A cena que mais me impressionou, que exigiu de mim um tempo para recomposição emocional, foi ver o desespero de um pai. Sim, um pai. Ele acabara de presenciar o soterramento de seus seis filhos e, em seguida, recebeu a notícia que todos haviam morrido.
Aquela dor bateu muito fundo em mim. Doeu demais, pois parecia que aquele pai tinha dividido seu desespero comigo. Passei a andar pela sala. Não pude conter as lágrimas… Foi um momento marcante e que, talvez, dificilmente eu possa esquecer.
Infelizmente, nessa mesma época nos últimos anos, os noticiários repetem estes fatos. Mas, falando francamente, algo assim eu nunca tinha tomado conhecimento. A imensa perda de um pai: seis filhos soterrados e mortos.
Se as notícias dos últimos verões não mudaram, algo diferente aconteceu. Os políticos mudaram, conseguiram votos nesses lugares prometendo a solução do problema.
Em São Paulo a coisa não é muito diferente. Chega-se até a pensar se algo, realmente, foi feito em tempos passados, pois, no tempo presente, continuamos com os dilúvios urbanos.
Talvez a estória de Noé possa servir como exemplo e fornecer ótimas lições organizacionais a determinadas cidades brasileiras, caso queiram implantar novamente a estratégia de recomeço urbano e humano… Ou será que precisarão fazer alguma aliança ou parceria com o Criador?
Por trás desses fatos existe algo que eu chamo de “politicagem”. São as falsas promessas políticas, por políticos corruptos que causam o desvio de verbas, o arquivamento de ótimos projetos e todos os tipos de atitudes sem ética e falcatruas que terminam por esmagar as classes menos favorecidas do país, tornando-as cada vez mais vulneráveis a esses incidentes sociais e “naturais”.
É impressionante a frieza nos depoimentos de alguns políticos que se colocam nestas áreas neste momento: saem metralhando a esmo como se fossem eles os “salvadores da pátria”.
Nosso povo não pode mais pagar com a vida de seus familiares por causa das políticas de abandono. Hoje os projetos sociais que poderiam ser salvadores, proporcionando direito à moradia, direito à comida, direito à saúde, são esquecidos, até mofarem, em gavetas da corrupção selvagem.
A dor desse pai deveria ser tomada de bandeira. O brasileiro é, por natureza, um povo que ainda acredita na dignidade e na reconstituição da esperança. Temos que fazer valer essa dádiva.
Seria tão simples “baixar” uma lei que terminasse com a imunidade política…
– Por que alguns políticos lutam tanto pela permanência da imunidade política? Se eles são tão honestos em suas campanhas e suas gestões, por que continua essa imunidade?
Quando os “politiqueiros” passarem a ser julgados como cidadãos comuns acreditam que, nesse momento, algo possa mudar.
Recentemente um político foi investigado por favorecer pareceres judiciais em Brasília. Anuncia que vai renunciar para se livrar da “pipa”. Porém, meses depois, assumiu um novo mandato. Claro, afinal de contas, ele tinha sido reeleito nas urnas… Barbaridade…
“Político bom, cadê você, a gente veio aqui só para te ver…”.
A ausência dos bons políticos está deixando que os maus proliferem. Vamos lá bons políticos, sei que vocês existem! Vamos montar a “quadrilha dos bons”.
Vamos mostrar que o Brasil tem jeito e que não é necessário que pessoas morram, a cada dia, em meio a calamidades provocadas por descaso do poder público.
Acho que deveria haver uma prisão para políticos corruptos que causam a morte de pessoas aos desviarem verbas que não permitem a implantação de projetos sociais. Eu a imagino assim: um grande zoológico com visitação, jaulas para guardar os espertinhos com uma plaquinha contando o histórico desta “fera”, o que ele fez para estar ali, e outras coisas do gênero.
Eu não seria tão cruel em sugerir que a comida deles viesse apenas das pessoas que os visitassem, e tivessem a opção de lhes dar comida somente após lerem o seu “histórico”… Não eu não seria tão cruel assim… Nenhum “politiqueiro” merece isto…
Quem sabe assim pudéssemos preservar a memória dos muitos desastres políticos que tivemos, usando-os como lição de estudo para um futuro melhor e desenvolver este País pelo bom exemplo.
O Brasil precisa de você… Você é o Brasil…

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