Colonizadores do novo século

 O Brasil, segundo a história, é um país que foi descoberto. Eu, pessoalmente, acho que fomos invadidos, afinal já havia nesta terra uma cultura e um povo que circulava por nossas florestas.
O Brasil virou colônia para os seus descobridores e o nosso povo foi colonizado!
Bem, mas isto é passado e tudo mudou, mas será que mudou mesmo?
Talvez!
Investidores externos hoje exercem, de maneira impressionante, uma influência interna em nosso país, a ponto de algumas linhas econômicas afirmarem que “sem investimento externo o nosso país estaria um caos”.
A globalização não derrubou fronteiras, apenas fez proliferar a facilidade de instalação de políticas mundiais colonizadoras, em países frágeis, com identidade em formação e perfil político peregrino da democracia.
Esses países tornaram-se presas fáceis para a implantação dessas políticas, com a sedução do “damos isto e aos poucos, sem que se perceba, toma-se aquilo”.
Os colonizadores deste novo século, hoje não chegam pelo mar: chegam como tubarões escondidos no espetáculo das ondas da globalização.
Enquanto o show acontece, estes colonizadores entram para assistir ao espetáculo, não pela bilheteria, mas por baixo da lona do circo e se misturam à platéia.
Algumas franquias, que muitos especialistas enumeram como sucesso mundial, talvez sejam nada mais que um colonizador do novo século, que repete em outras terras aquilo que ele tem na sua e, por fim, a coloca para servir-lhe assim como a sua matriz.
Os imperadores colonizadores faziam por aqui, castelos como os que possuíam em sua terra para, assim, sentirem-se nela. Um exemplo é que o nosso imperador trazia terra de Portugal para poder pisar e cheirar, podendo assim matar a saudade.
Quando viajo e percebo que muitos hotéis, em cidades turísticas tão cheias de história e de comidas típicas, não possuem um prato típico sequer em sua mesa, apenas um bom café globalizado… É aí que sinto a presença da colonização.
Agradar aos colonizadores tem sido a missão de uma generosa parte de nosso país. Assim, como no passado, sempre se encontram pessoas prontas para cederem aos ideais da colônia-mãe.
Hoje conheço pais que acham normal seus filhos tomarem refrigerante “globalizado” no café da manhã e se alimentarem de lanche “globalizado”, diversas vezes na semana. Também existem organizações que estão suprimindo sua criatividade e liberdade de ação para enlatarem produtos oferecidos por estes colonizadores do novo século.
A Muralha da China nos dá uma grande lição: enquanto intransponível, devido à sua extensão, um exército Mongol entrou por um de seus portões apenas subornando os guardas da muralha e invadiu a China. A Dinastia Ming, por outro lado, sobreviveu em seus valores não cedendo aos colonizadores e retoma seu espaço na história.
Embora muitos países, como o Brasil, reforcem seus muros, sempre haverá um portão pelo qual alguém, ainda não contaminado pelo verde-amarelo de nossa terra, vai ceder por um par de chinelos. É, por um simples de chinelos. Os espiões mongóis transpuseram a Muralha da China oferecendo um par de chinelos aos guardas.
Desenvolver-se para os novos tempos é algo inevitável, pois pode melhorar o planeta e as pessoas em todos os sentidos, e está no contexto de crescimento da humanidade com padrões de paz, progresso e desenvolvimento espiritual.
Porém permitir que os colonizadores do novo século, que atuam no presente como no passado, apenas com nova roupagem e carruagem, instituam aqui províncias e nomeiem seus “regentes” disfarçados de produtos globalizados com a missão de diminuir nosso vasto azul-anil é um ultraje.
Nossa posição, nossa cultura, nossos valores e nossa posição no mercado mundial como um país inspirador e criativo, sem riscos econômicos e com ascensão de capacidade política e planetária, é algo que temos que refletir e manter a todo custo.

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