Convergência de competências

Nessa era em que o mundo cabe numa tela de computador, levo meu filho ao circo.

Sim, há um mundo que ainda resiste debaixo de uma lona.

Isso, o Circo! Lembra?

Para quem ainda não conhece nada sobre o circo, vou contar rapidamente como ele vem de longe em seu desfile pela história.

Ele nasceu em Roma, há mais de 200 anos antes de Jesus Cristo. No início, freqüentá-lo era ir uma festa religiosa, ao ar livre.

Depois virou um lugar para competições de homens com homens, animais com animais e homens com animais.

Havia também as corridas de charretes que começavam de manhã e só terminavam à noite.

O circo era composto por 3 partes: a arena ou pista, onde o espetáculo acontecia; a arquibancada, onde a platéia se divertia e as cavalariças, onde carros e animais eram guardados.

O maior circo romano chamou-se Maximus. Hoje o que resta dele é apenas um amontoado de pedras.

Esses espetáculos davam aos pobres um divertimento que não precisava ser pago, além do que os faziam esquecer da tristeza rindo, rindo muito, de tudo o que viam.

A platéia era uma parte do espetáculo.

Quem lutava com as feras eram os prisioneiros de guerra, escravos ou malucos que queriam arriscar suas vidas por causa da emoção.

No Coliseu de Roma – um estádio – realizavam-se as lutas de homens e feras. Na comemoração do primeiro milênio de Roma, o Coliseu apresentou 1000 pares de lutadores, 32 elefantes, 10 tigres, 60 leões, 30 leopardos, 10 hienas, 10 girafas, 20 asnos, 40 cavalos selvagens, 10 zebras, 6 hipopótamos e 1 rinoceronte. Mas, nem todos os animais eram para morrer nas lutas. Alguns eram treinados para mostrar talento no espetáculo, como os elefantes que faziam pose com duas patas no chão e duas levantadas.

Num determinado momento da história a igreja católica proibiu os circos. No entanto, acrobatas, mágicos, malabaristas e outros artistas circenses continuavam a se apresentar, só que em castelos, mercados, feiras e praças em troca de moedas. Quando eles eram bons no espetáculo e tinham sorte, podiam ficar amigos dos nobres, que eram os ricos da época, e assim fazer show só pra eles, tendo em troca uma recompensa: dinheiro e casa para morar.

Bem, mas estou no circo com Breno, meu filho de cinco anos…

No intervalo do espetáculo sou abordado por uma pessoa vendendo pipoca, outra oferecendo doces e refrigerantes, outra demonstrando brinquedinhos… Olhando bem de perto essas pessoas, posso notar que uma delas era o trapezista, outra o palhaço e outra o domador.

Lembro-me ainda da moça da bilheteria e noto que ela era a dama que deslizava em cima de um cavalo branco no picadeiro.

Quando o show termina, a impressão que se tem é que havia mais de 100 artistas em cena apresentando o maior espetáculo da Terra, essa é a chamada inicial do circo até hoje, mas quando eles se reúnem para o gran finale, pode-se contar apenas um pequeno grupo de artistas.

Durante todos os anos que freqüentei circo com meus pais e mesmo com meu filho mais velho de 15, Ygor, nunca tinha tido a visão do circo como uma organização empresarial.

Eles são especialistas em convergência de competências.

Todos fazem um pouco de tudo e aprendem um pouco de tudo, em benefício da sobrevivência e permanência da sua organização.

Claro que já estou falando de um mercado extremamente competitivo e já não mais tão encantador e mágico como há anos atrás.

Mas o que quero dizer é que, apesar de serem uma empresa, eles conseguem, e muito bem, manter o brilho nos olhos e arrancar sorrisos largos e puros de seus pequenos clientes que permanecem sentados em volta do picadeiro, estáticos e apreciando cada instante do espetáculo.

Esse é o sentido de uma organização: fazer com que seus clientes estejam encantados com o produto ou serviço que lhes é oferecido.

Muitas pessoas dentro das organizações de hoje ainda insistem em fazer apenas aquilo para o que são pagos e nada mais além. Um ato que causa muita individualidade e competição, gerando assim a necessidade de se empregar cada vez mais pessoas, onde poucos poderiam atuar e acabam dirigindo essas pessoas a suprimir suas qualidades e aptidões.

Quando grupos de pessoas, em diferentes organizações, aprenderem a fazer mais com menos, todas as organizações estarão fortalecidas no mercado e poderão expandir-se em outras áreas, formando assim uma equipe de pessoas que atua com a convergência de competências e não apenas com a divergência de suas habilidades.

Todos nós temos muitas competências natas e aquelas em que ainda podemos desenvolver. Nada seria melhor que aplicá-las e praticá-las em beneficio de nosso emprego e negócio.

Conheço o motorista de uma empresa que é um ótimo cantor, no entanto, nas festas de fim de ano, a empresa contrata e paga caro por alguém que cante e nem sempre tem sido melhor que o motorista, que já me confessou que cantaria de graça apenas pelo prazer de dividir sua competência com os companheiros de trabalho.

A convergência de fatores como tecnologia e informação aliada à exploração das competências pessoais de cada colaborador é, e será por muito tempo, a regra do jogo para as organizações e profissionais que pretendam continuar nesse mercado competitivo em que vivemos.

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