EMPRESÁRIO BRASILEIRO – UMA CLASSE EM EXTINÇÃO

 Houve um tempo, um bom tempo, onde empresário significava alguém totalmente envolvido com o crescimento econômico, social e cívico do país, um som respeitável, com eco de futuro.

Veio então uma época de taxação, onde toda culpa dos problemas brasileiros provinha da atuação dos empresários, seres magnânimos, duros de coração, sonegadores e verdadeiros dinossauros quando se tratava de obter lucros, intocáveis e algo difícil de se combater.

Uma época seguida de mentiras, que foram repetidas muitas vezes, com a intenção de tornarem-se verdades, mas só conseguiram ser o que sempre foram: mentiras repetidas, mas transformaram o proprietário de um negócio em um próprio otário do negócio.

Os empresários brasileiros foram tão cercados e golpeados por planos de governo, atos sindicais, movimentos populares ocultos, que realmente se tornaram dinossauros, pois estão aos poucos deixando a posição de exibição para total extinção.

– O que se poderia fazer hoje com um Tiranossauro Rex – além de exibi-lo, cobrando ingressos e talvez gastar duas vezes o valor destes ingressos para alimentá-lo e mantê-lo em situação de segurança máxima?

– O que fazer com a sucata que vem se acumulando pela indústria nacional fadada ao fechamento dosado em gotas diárias – além de levar a história destes empreendedores para o fundo de algum livro, com letras bem pequenas ou letras garrafais, para que ninguém repita o feito?

A liberdade de fluxo do capital pelo globo e uma frenética busca pela alta produção, fizeram da indústria brasileira um sonho obsoleto.

Em 1978 a Villares fazia planos para fabricar submarinos, os arsenais da Engesa como o tanque Osório, ganhavam o mundo, a Odebrecht faria centrais nucleares, a Scopus fabricaria pc’s e muitos outros socos no sereno estavam em plena noitada, como os computadores da Sharp, os trens da Cobrasma e o tão sonhado automóvel 100% brasileiro da Gurgel, uma empresa que tive o prazer de conhecer e não escondo minha revolta pelo abandono com que nosso governo lhe silenciou, afinal o lobby das multinacionais, com certeza, é muito mais interessante do que ter um carro genuinamente brasileiro, a um custo muito inferior dos falsos carros populares.

Estamos deixando morrer grandes empresários nacionais, para lotearmos nosso parque industrial a corretores da falsa globalização que, em meu ponto de vista, têm agido como uma equipe de extermínio, para limpar a área, a fim de receber proprietários internacionais, que usam a lei ouro, que é simplesmente, quem tem o ouro faz a lei.

Lotear o país para grupos sem nenhum vínculo de civismo ao Brasil, pode resultar simplesmente numa exploração de divisas e quando esta não mais tiver utilidade, basta partir para outra, assim como a corrida do ouro na Califórnia.

Empresários brasileiros estão cansados de tanta indiferença, tanta insegurança, tanta hipocrisia econômica, tanta desvalorização…

Afinal um político de quinta classe tem mais espaço na mídia que um homem que passou a vida dando emprego e pagando impostos, terminam por renderem-se a propostas indecentes de trocarem sua cadeira por uma vida mais calma e longe do país do faz de conta.

Enquanto na Europa e EUA empresas e organizações se perpetuam com o passar dos anos, aqui nossas empresas e organizações estão a caminho da prisão perpétua.

Veja como caminha o que eu chamo de loteamento das organizações brasileiras: Banco Santander adquire o controle do Banco Geral do Comércio; Sul América Seguros faz joint-venture com Aetna Inc.; Lloyds Bank compra Banco Multiplic; Lucent Technologies, ex AT&T, compra 50% da Sharp; Ryder Systems adquire 49% da transportadora Translor; Localiza vende 33,3% para DIJ Merchant Bank; SEB francesa compra a Arno; Abraham Kasinski vende para Mahle sua parte da Cofap; Sócios do Banco Garantia compram o Sé Supermercados; Ricardo Mansur compra o Mappin e logo depois a Mesbla; Ceval é vendida ao grupo argentino Bunge Y Born; Samir Dichy compra 79,34% da Construtora Adolpho Lindemberg; Família Paula Machado vende Banco Boa Vista ao Banco de investimento Inter-Atlântico; Grupo AIG compra Banco Fenícia; grupo inglês compra 60% da Freios Varga; Gessy Lever compra Philip Morris e Kibon; grupo argentino Macri compra Frigorífico Chapecó; Franceses da Saint Gobain compram Quartzolit; Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira compra Dedini S.A; Banco Bozano Simonsen compra Banco Meridional; Gillete compra a Duracell; Mindlin vende Metal Leve para Mahle; Caixa Geral de Depósitos, o maior banco português, compra 79,27% do Sistema Financeiro Bandeirantes; Du Pont compra ICI; Mannesmann adquire 49,4% da Olivetti…

Ficam por serem citados aqui outros ilustres, e também desconhecidos, que nem tiveram a “chance” de ver suas grandes empresas serem vendidas, simplesmente fecharam ou faliram.

Quem diria que aquela velha piada de ver um engenheiro trabalhando em circo poderia tornar-se realidade.

Descobrir talentos e fazê-los prosperar é o mínimo que uma política econômica pode fazer pelo parque industrial de um país.

Oportunidade!

É somente isso que estes empreendedores brasileiros necessitavam, afinal já foram eleitos os melhores empresários do mundo, pois conseguiram resistir como heróis em uma política de afogamento em longo prazo.

Mas ninguém consegue resistir a um processo de curto prazo que visa a extinção daqueles que realmente têm interesse social num país.

É necessário um movimento imediato para reter esse retrocesso econômico.

Precisamos exaltar nossos próprios valores e escrevermos nosso futuro, independentemente de outros países.

Precisamos parar com esta história de que nos EUA agora é assim…

Temos grandes valores neste país e estamos dando a eles uma aposentadoria antecipada…

Ou tomamos as providências rapidamente, ou seremos redescobertos por Cristóvão Colombo e seremos mais uma colônia…

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