FAÇA OUTRA VEZ

Você conhece alguém que por medo e resistência excessivos fica estagnado e deixa a oportunidade de ser feliz passar ao seu lado? E, enquanto isso reclama, acha justificativas e ainda culpa os outros por seus fracassos. Já pensou em quantas pessoas vivem se lamentando por tudo que poderiam ter feito e não fizeram, pelo que poderiam ter sido e não foram, e do quanto poderiam ter amado e não amaram.

São pessoas que se apegam ao passado, levam tudo a ferro e fogo e têm uma resistência enorme ao novo, ao inesperado e às experiências que podem tirá-las do limbo, mas que lhe custam tempo, reflexão e, principalmente, a uma atitude.

Uma dica simples que pode servir de “manual” para quem sabe que não desistir dos sonhos e objetivos é a melhor saída é “fazer outra vez”. Isso mesmo, fazer outra vez, e outra, e mais outra ou quantas forem necessárias para chegar lá. Por falta de paciência, estratégias, visão de futuro e, principalmente, rever os erros e aprender com eles, muita gente fica paralisada no primeiro obstáculo rumo à realização dos seus projetos.

Gente para levar você para baixo eu sei que não falta. É mais comum ter ao nosso redor pessoas que nos desencorajam e vêem tudo pelo lado obscuro, que quem nos dê força e incentivo para seguirmos adiante.

Alguns questionamentos podem ser o ponto de partida para quem quer rever sua acomodação e fazer outra vez, mudando assim o seu futuro.

Sou categórico ao afirmar que quando desistimos de algo que desejamos, aceitamos a disponibilidade daquilo que está pronto nas “prateleiras do mundo”. Isso porque, por mais que as pessoas afirmem estarem conformadas com as próprias realidades, bem lá no fundo terão uma camada de infelicidade cobrindo seus mais nobres sentimentos.

Mas fazer outra vez não é simplesmente repetir ações. Tentar de novo deve ser, antes de tudo, ter a consciência de que é preciso rever posturas, abandonar velhos hábitos e reconhecer onde se errou. E a tarefa não é fácil. Naturalmente, temos uma resistência ao novo, que se não for vencida pode nos tornar arredios, amargos e de difícil convivência.

Para mim a palavra problema é ‘bússola’ para que eu possa mudar de rota. Um problema pode ser o começo de uma solução, de uma vida melhor, de uma visão mais clara e consciente dos fatos. Infelizmente, não são todos que pensam assim. Quem é amargo, negativo e tem costume de fazer “tempestade em copo d´ água” vê os problemas como grandes vilões e até acreditam que não há como viver sem eles. São pessoas que precisam do sofrimento para se escorar, para se desculpar e para continuar num caminho obscuro, de maldade consigo e com os outros e o que é pior, um caminho de fracasso, derrota. “Em geral, as pessoas valorizam demais os problemas e se esquecem que devem aumentar o foco na solução. Na verdade, temos de ser grandes diante dos problemas e aprender com eles”.

É nesta linha de pensamento escrevi o livro “Tente Outra Vez”, Nesta obra, dou dicas de como encontrar uma maneira diferente e produtiva para se relacionar com as pessoas, com o trabalho e com seus sentimentos. Sugiro caminhos para que o fracasso não seja uma razão para desistir, mas uma “bússola” que indique os rumos que não mais devem ser seguidos.

Dentre alguns desses textos do livro, agora reescrevo alguns nesse artigo, com opiniões próprias e que podem ser postas em prática imediatamente, mas, apenas se você quiser.

A persistência é algo muito valorizado hoje em dia, certo? Mas nem todos têm o comportamento para “fazer outra vez”, temendo um novo erro. Eu acho que o fato é que possuímos um defeito genético de fabricação: somos mamíferos. E como mamíferos temos a tendência de seguir o caminho que mais está compatível com nossas necessidades interiores. Veja por exemplo os elefantes, que passam uma vida toda em determinadas épocas do ano fazendo a mesma rota para sua comida e água; as baleias que passam a vida toda fazendo o mesmo percurso marítimo para se acasalar. Somos dependentes de instintos condicionados, somos adeptos do colo e do leite na boca. Esta é uma das razões e por sinal muito forte. É o primeiro desafio a ser vencido.

O segundo é que as pessoas valorizam demais seus problemas e têm pouco foco em suas soluções. Problemas são grandes quando ainda somos pequenos diante deles. É necessário que se aprenda a desenvolver aptidões e competências em determinados assuntos, principalmente naqueles onde estão depositados nossos caminhos de sobrevivência.

O terceiro é que somos assimiladores progressistas de experiências negativas e ótimos condutores delas. Portanto, muita gente carrega em sua vida uma enorme bagagem que tem pouca característica nutritiva e inibe suas habilidades de desafiar novas maneiras de viver. Para alguns, tentar outra vez é sofrer outra vez, para outros, uma oportunidade e para outros não significa absolutamente nada.

Nós fomos condicionados a achar que fazer outra vez está muito ligado à disposição. Como, então, fazer para adquirir esta vontade de recomeçar?

Achamos, muitas vezes, que fazer outra vez está ligado à disposição. Eu já acho que fazer outra vez está ligado aos nossos valores, apenas aos nossos valores. Àqueles itens dos quais fazemos um verdadeiro kit de sobrevivência e que nos dão razão para existir. Algumas pessoas têm entre seus valores à carreira, outras à família, e sempre fazem tudo o que está ao seu alcance para conquistar e manter estes valores. Quem não tem valores, não tem razão para tentar ou recomeçar novamente.

Para muita gente a decepção e a frustração são os maiores “problemas” para fazer outra vez. Para outros não. Decepção e frustração são apenas excessos de expectativa em alguma situação. Quando não se atinge os objetivos esperados, tudo vira um monte de decepção e frustração. Algumas pessoas usam como bússola, outras como carga, eu prefiro usar como bússola e mudar a rota, fazer diferente. Decepção e frustração acontecem também quando se planejou muito mal uma ação de vida. O brasileiro é pouco planejador, deixa como está para ver como é que fica. Em poucas situações algo de bom acontece, na maioria das vezes nada acontece. Para isso não ocorrer em sua vida é necessário criar metas de desenvolvimento de existência, conhecer seus pontos fracos e fortes, sempre incentivando seus pontos fortes.

Em alguns momentos de nossas vidas damos sinais que parecem que estamos nos distanciando de nossos sonhos e objetivos, fazendo-nos “parar no tempo”. O sentimento de acomodação é um sinal. Mais que sonhar, o grande risco não está em sonhar alto demais, e sim em acomodar-se baixo demais. Se as pessoas começam a se conformar com tudo e até buscar justificativas para seu baixo desempenho ou fracassos os sonhos vão ficando para trás. E, pior, quando as pessoas começam a terceirizar a culpa de seus insucessos, os sonhos vão ficando para trás. A nossa paralisação vem de dentro para fora e não de fora para dentro, quando nos sentimos fracos por dentro, criamos um frágil ambiente onde atuamos.

Quando nos prendemos ao passado, vivemos dizendo que “nossa cruz é mais pesada que deveria ser”, mas acabamos nos acostumando com ela. Porque não colocamos rodinhas nela e começamos a fazer outra vez? Sabemos que quanto mais carga se coloca numa mula, embora ela seja forte para carregá-la, mais devagar ela vai seguir. O passado pode ser uma escola ou um tremendo grilhão em seus pés. A escolha é sua. Quem muito se apega ao passado termina por fazê-lo presente e futuro em sua vida. Com o passado só podemos aprender e não fazer dele uma carga permanente.

Saber se há momentos em que temos de parar de fazer outra vez é uma opção que só nos sabemos quando é hora de parar ou não. Você gostaria de deixar de ir atrás de seus sonhos e abandoná-los quando pode estar próximo à sua realização e você nem sabe? Tem muita gente motivada pelos seus sonhos batendo em paredão. A maneira correta é implementar sua competência na direção certa, perceber se seu esforço está se transformando em resultados positivos, caso contrário é necessário repensar todo seu processo de conquista e isto deve ser sempre feito com base em suas competências e aptidões. Nossa capacidade de abandonar determinados caminhos também é importante na busca de nosso verdadeiro caminho, por isso, analise bem sua decisão.

Quando o passado nos deixa um buraco enorme e o futuro parece um vazio maior ainda, devemos “rumar” em frente ou pararmos onde estamos e esperar para ver “como é que fica”? Gente vazia não vai a lugar algum. Quando estamos vazios, sem saber o rumo, é hora de pensar melhor naquilo que fomos e naquilo que realmente desejamos ser e avaliar nossa prioridade. Devemos avaliar nossa vontade de realmente pagar o preço daquilo que queremos. Ficar vazio é um lento veneno para nossa mente e nosso coração e uma ótima oportunidade para deixarmos outras pessoas nos conduzirem. Viver consiste em avaliações pessoais quase que diárias. Quem não o faz está longe de mensurar seu passado ou seu futuro, ao invés de viver um futuro que desejaria, vai viver o futuro disponível nas prateleiras do mundo.

O que mais nos paralisa é a inércia, a falta de vontade de fazer outra vez e dar errado, sentir-se ridículo, ter vergonha de passar de novo pelos mesmos caminhos contribuindo assim para ficarmos parados. São vários fatores, mas acho que o principal deles é a “síndrome de vítima do mundo”,transferência de culpa por falta de resultados. É necessário assumir a responsabilidade de nossos fracassos e pagar o preço para superar nossos limites. As pessoas são seus próprios transtornos na busca de seus sonhos, criam e dão vida a muitos obstáculos.

Quando entramos em “crise” é o momento onde o organismo fica descontente com todo seu ser e fica totalmente resiste à adaptação de mudanças, sejam elas boas ou más. Todas as nossas emoções e sentimentos são transformados em enzimas que se alojam em nosso cérebro. Estas enzimas normalmente criam nossas condições satisfatórias ou não. Razão pela qual é necessário tomar muito cuidado com relação a tudo que emanamos no contexto de nossos pensamentos e emoções. Para nos adaptarmos às mudanças, precisamos sempre desenvolver novas competências. Hoje, mais que nunca, é necessário reaprender muita coisa, até como ser pai e mãe, como amar, pois o amor hoje não basta, não é mais o suficiente para deixar unido um casal, é necessário reaprender muitas coisas que envolvem nossos relacionamentos.

Muitas pessoas dizem que fazer outra vez, muitas vezes, parece muito difícil pois significa que estamos voltando atrás em algo que nos propomos e não deu certo. Eu acho que significa apenas despreparo. Pessoas que nada conseguiram crescer com aquilo que viveram, não possuem capacidade de enfrentar certas coisas duas vezes, porém existem pessoas que se tivessem de fazer certas coisas outra vez, fariam exatamente tudo igual, pelo fato de terem tido coragem, vontade de aprender, e capacidade de agir com segurança diante dos fatos.

A vida é um ciclo, mas não de “tentativas e erros ou recomeços”. Existir consiste em estar de alguma maneira fazendo aquilo que tem de ser feito, e quando se faz o que tem de ser feito, eu não sei bem como, mas de alguma maneira se chega lá. Nosso desafio é justamente descobrir corretamente o que tem de ser feito. Muita gente sabe o que gostaria de ser na vida, mas não tem a mínima idéia do que precisa fazer para conseguir aquilo que quer. Tentativa, erro e recomeço são apenas capítulos desta longa travessia da vida.

Sabe aqueles projetos que não deram certo? As frustrações de não ter sido o escolhido para o cargo ou mesmo para namorar a pessoa mais bonita da sua turma? Pois é. Isso é aprendizado. Somente podemos tirar lições daquilo que pudemos vivenciar ou experimentar, nem sempre devemos encarar as coisas pelo ângulo de não darem certo, mas sim como experiências para serem avaliadas e repensadas. Tem gente que fica repetindo padrões de comportamento e nunca muda os resultados de suas vidas. Avalie os resultados de tudo aquilo que lhe aconteceu, afira estes resultados e transforme-os em ferramentas para novas estratégias.

Muitos dizem que tentar ser feliz é a coragem de admitir os próprios erros e mudar a direção para onde for o melhor local. Felicidade é algo para mim que está além destes fatores. Tem gente que ainda vivencia fatores que não deram certo e são muito felizes. A felicidade é uma energia interior que precisamos impregnar em tudo que acreditamos e em tudo que temos em nossas mãos. Se ela estiver ligada a fatores de coragem, erros, mudanças entre outros, ela não terá nenhum efeito em seu estado de espírito. Ser feliz é preparar-se para viver da melhor e mais nutritiva maneira possível.

Fazer outra vez requer novos compromissos consigo mesmo e nunca com estratégias ou posturas preestabelecidas. Eu nunca diria adote novas posturas ou estratégias, mas sim novos comprometimentos. Muitas vezes temos pouquíssimo compromisso com nossas estratégias, muitas vezes pensamos que elas possuem vida própria e não é assim, elas precisam, assim como nós, ser alimentadas todos os dias. Precisamos atuar nelas, fazê-las seguir adiante. Quanto mais conhecermos sobre um assunto, mais aumentará nossa chance de obter sucesso neste assunto.

Para finalizar quero dizer que ouvir o coração é importante e, também, claro a nossa razão também. Só a razão não tem muita força, só a emoção também não tem. É muito importante que as duas tenham a medida certa em nossas decisões e escolhas. É fácil reconhecer quando estamos agindo muito pela razão ou pela emoção. Este é o momento em que devemos colocá-las na balança e nos questionarmos. Deste questionamento nasce um terceiro elemento com muito poder a nosso favor: nossa intuição.

Vá em frente! Faça outra vez, seja como for, pois “Sua única obrigação é ser feliz!”

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