MEDO DA CRISE

 Medo é uma emoção manifestada quando deixamos de possuir o controle ou conhecimento de alguma situação, presumindo que seu desfecho poderá nos atingir de alguma maneira, tanto no campo emocional, profissional, pessoal, econômico ou político. Quando tal fato ocorre, termina gerando o elemento crise.
Toda crise torna-se ainda mais aguda, quando o medo é coletivo e incrementado pelos meios que dela sobrevivem e sabem muito bem como fazê-la crescer através de um bom marketing. Medo e crise são parceiros do processo de existência de seres humanos e nações.
Como empresário no Brasil há 20 anos e tendo contato direto com pessoas através de minhas Conferencias ao longo de 10 anos, pude criar uma nova visão para esta dupla dinâmica formada pelo medo e pela crise que caminham juntas na terra. O efeito que causam depende de como interpretamos seu envolvimento em nosso espaço de vida.
O universo manifesta-se através de mudanças em todos os campos que atua. Somos impulsionados desde que nascemos pelas mudanças, o mesmo ocorrendo com as nações. Todo processo de mudanças é que define o estado de atuação dos componentes do universo, é o sistema de adaptação às mudanças que determina o grau de competência da atuação de pessoas e nações.
Não existe medo, mas sim desconhecimento do desfecho de uma situação que não dominamos. Não existe crise, mas sim falta de capacidade e competência de nos adaptarmos às circunstâncias geradas pelo processo de mudanças, que sempre irá se alimentar de transformações sociais, políticas, econômicas, pessoais, profissionais e espirituais, dentro de qualquer sociedade em desenvolvimento que busca sua própria identidade.
Milhares de imigrantes desembarcaram cheios de medo em alguns países e passaram a construir a história deles. Toda pessoa ou nação, obtém progresso somente quando administra com sucesso suas crises, geradas pela sua própria ineficiência na criação de soluções e projetos de desenvolvimento sem sacrifício econômico ou social.
No Brasil, quando a bolsa ou o dólar sobem, os ganhadores festejam , não há divisão do lucro e os empregos não aumentam, mas quando a bolsa e o dólar caem, lá vem a socialização do prejuízo, com demissões e o anúncio de crise. Crise esta anunciada e divulgada pelos capitalistas que ganham muito, mas não tanto como gananciam, crise anunciada e divulgada por políticos incapazes de exercerem o nacionalismo, crise anunciada e divulgada por empresas oportunistas, ansiosas para desincharem seu prejuízo acumulado através de uma administração propinosa e individualista.
Em meio a esta batalha de conviver com medo e crise, nos resta ter coragem. Sim, coragem pois ela não é ausência de medo, é ir em frente apesar do medo. Com certeza é isto que muitas pessoas e empresas comprometidas com o civismo têm feito ao longo dos anos no Brasil.
Deixar-se levar pelo medo, compromete sua fábrica de soluções, retarda seu raciocínio e coloca-o numa posição defensiva, com uma atitude que classifico de “chinesiana”, pois a China passou por tanto medo, que terminou construindo uma muralha que julgava intransponível e realmente estava certa. Mas nos portões haviam guardas que podiam ser subornados com um par de sandálias. E o medo de defender-se terminou deixando-a escondida e longe do mundo atrás de seus próprios muros.
Não há como evitar o medo, mas temos de seguir em frente apesar de carregá-lo em nossas vidas profissionais e pessoais, ele é apenas um momento de dúvida em nossa mente e coração, um vazio que com habilidade, criatividade e perseverança vamos preencher e transformar em força impulsionadora de nossos desejos. Crise! Desde que nasci o mundo está em crise e sempre estará, temos que mudar nossa visão. Crise não é um cemitério onde escreveremos nossas lápides em criptas de fracasso, temos que procurar nela as sementes da oportunidade, afinal toda pessoa ou empresa que quiser possuir uma montanha, terá de conseguir todos os dias um punhado de terra. Não se deixe vencer pelo medo e não caminhe na trilha da crise. Quem se acomoda na rota do rebanho, acorda no matadouro.

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