PAIXÃO

No decorrer da evolução humana, ao longo desses milhares de anos de existência no planeta, foram muitas fases e modelos de comportamento que trouxeram as pessoas até os dias de hoje. E, muitas ainda serão as fases e modelos de comportamento que levarão as pessoas através do ciclo existência.
No desenvolvimento desses modelos de comportamentos, vivenciou-se muitas experiências com resultados diversos, com reflexos diretos e indiretos dentro da comunidade humana. Essa comunidade que despertou necessidades criou meios de supri-las, mobilizou tendências, inovou competências e talentos, tudo isto e muito mais em nome do desenvolvimento e da evolução.
Da pedra lascada ao DNA, do coração caçador às mãos que semeiam, do culto ao fogo à proximidade com Deus, da vida em bando à coletividade organizada, do cultivo as guerras à busca pela paz…
Sob o olhar longínquo do Universo somos apenas moléculas em franca expansão povoando cada vez mais este planeta, concedido especialmente com esta oportunidade, para a raça humana exercer sua principal atividade; evoluir a cada dia.
Vivemos em épocas onde víamos a paisagem do arado, hoje vemos chaminés e máquinas; do barulho da datilografia nas máquinas de escrever manuais hoje ouvimos o silêncio do clique nos mouses e a suave digitação em teclados de computadores; de gente buscando termos de convivência arranjados pela família hoje vemos gente buscando relacionamentos mais verdadeiros; dos conceitos insólitos sem grandes bases científicas hoje nos deparamos com pesquisas reveladoras, e assim vamos contando e fazendo nossa história.
Muitas seriam as características atribuídas aos comportamentos que nos impulsionam, sempre, a encontrarmos caminhos ainda fora do mapa, mas, uma delas, acredito ser a primordial: a Paixão.
Talvez o nosso maior conflito esteja na luta em querer que prevaleça a razão sobre a emoção. Só que hoje sinto a emoção vencendo a batalha ao longo deste caminho.
Nossos comportamentos e os resultados obtidos com eles têm sido norteados por impulsos emocionais: ficamos intempestivos e praticamente incorrigíveis ao manifestarmos opiniões e sentimentos que, sob a ótica da razão, teriam outra direção. Um nos puxa para a direita, o outro para a esquerda e assim ficamos no mesmo lugar, assim como um bambu chinês dobrando ao chamado do vento. Mas entendo que dobrar não é tomar um novo rumo e, sim, ficar no ponto de conflito de nossas referências e analisando as possibilidades.
Nosso espírito de conquista sempre inquieto precisa movimentar-se e assim tirar do espaço o Prana: o princípio da vida, ou como prefiro chamar, assim como os indianos, o sopro divino da vida contido no oxigênio que nos faz sobreviver. Se nós criamos desafios é porque eles nos dão a sensação do dever cumprido, a cada vez que os vencemos.
Na verdade não sei bem como as coisas acontecem, sei que devemos ir fazendo com muita paixão tudo aquilo que precisa ser feito e, de alguma maneira, as coisas vão acontecendo. Parece que a paixão por aquilo em que acreditamos faz com que Deus nos ouça melhor!
A paixão deve ser considerada como uma emoção empolgante que nos conduz por caminhos que revigoram nossos pensamentos, nossas intenções, nossos desejos e nossos objetivos.
Pessoas apaixonadas pelo que fazem terminam por fazer as coisas de uma maneira especial; com uma empolgação tão interessante que terminam inspirando outras pessoas.
Elvis Presley tinha uma paixão muito especial por canções gospel. Certa vez seu empresário disse que ele correria um risco se cantasse essas canções em seu show, pois o seu público poderia não entender, e até talvez não gostar. Ele respondeu: “Não me importo, tenho paixão por essas canções, vou cantá-las e não me importa se será para 100 ou 1000 pessoas, o importante é que vou cantá-las”. A história fez sua parte e muitos de seus fenomenais sucessos são canções gospel cantadas por ele acompanhado por conjuntos desse estilo musical como The Jordanaires, Stamps Quartet e The Imperials, campeões da paixão pelo que faziam também, capazes de agradar ao Rei Elvis. Pessoas que sentem paixão pelo que fazem nunca morrem. Talvez seja esta a razão da frase: “Elvis não morreu”.
Certa vez me perguntaram sobre paixão no futebol: respondi que vejo atacantes com uma paixão maior por fazer gols, do que as defesas para defender e, outras vezes, defesas com uma paixão maior para defender do que os atacantes para fazerem gols. Então de nada vale um ataque que faz gols com uma defesa que toma, ou uma defesa que defende com um ataque que não faz gols. A paixão de um time tem de estar distribuída por igual no coração dos atletas.
No passado, os jogadores de futebol não faziam fortuna como hoje e, muitos deles, jogavam como se estivessem ganhando milhões: era a paixão pelo futebol que criava essa performance. A paixão é aquele sentimento de que faríamos de graça o que cobramos muito para fazer, simplesmente por que isso é o Prana.
Cassius Clay, ou seja Muhammad Ali, ganhou US$ 2 milhões, pela maior luta do século, na época, quando lutou com Joe Frazier. Há poucos anos atrás vimos Mike Tyson embolsar US$ 120 milhões lutando contra Evander Holyfeld. Para mim Muhammad Ali me pareceu na luta tão entusiasmado e dedicado quanto Mike Tyson, apesar desse último ter mordido a orelha do adversário.
Quando tinha 15 anos de idade, ele perdeu a perna esquerda num acidente de moto: um pesadelo para alguém com paixão pelo surfe. Tornou-se um desafio subir novamente numa prancha e equilibrar-se em uma perna só. Permaneceu em São Lourenço, MG, até retomar o contato com a água por meio de natação em piscinas. Retornou ao Guarujá e só pensava em surfar. Foi direto para a praia e pegou uma onda na espuma, usou a perna direita atrás e substituiu a esquerda pelo braço. Hoje participa de competições e é professor de surfe. Ensina, a cada verão, uma média de 1500 pessoas. Fez um curso na Austrália, ficou conhecido como Pirata em sua barraca de praia, perto do bar Taiti, onde também aluga equipamentos para iniciantes do surfe. Recebeu um convite para ensinar deficientes físicos norte-americanos a surfar. A paixão de Alcino Neto por sua atividade o inspirou e o tornou um gerador de conhecimento sobre o assunto e, sem dúvidas, alguém que superou um grande desafio.
Certa vez a Princesa Diana teve um encontro com Madre Teresa de Calcutá. A foto deste encontro foi manchete em todo mundo. Alguns jornais traziam a manchete: “O encontro das duas princesas”. Em uma de minhas palestras quando mencionava o fato e mostrava a foto, uma participante me perguntou: “Em sua opinião, qual delas realmente é uma princesa?”. Achei a pergunta interessante. Olhei para a foto e respondi: “Bem, gostei da pergunta… Em minha opinião, acredito que Madre Teresa de Calcutá reflete em seus olhos e em suas ações uma maior paixão pelo que realiza ao invés da Princesa Diana. Isto me faz escolhê-la como a verdadeira princesa deste encontro. Mas, se a Lady Diana foi lá para aprender com ela, então as duas são realmente princesas”.
No ano de 2003 houve um encontro no Vaticano com o Papa João Paulo XXIII e o Dalai Lama. O interessante nas expressões publicadas, em fotos, era que os dois, os dois mesmo, embora o Papa com toda a deficiência que o afligia, expunham em seus gestos e olhares a paixão por aquilo que discutiam, e ali houve um grande investimento no fortalecimento do “Eixo do Bem”. A paixão é uma grande aliada da expansão do Bem, pois todos aqueles que a possuem em suas condutas, terminam por deixar as pessoas melhores e, com certeza, um mundo melhor que antes.
A paixão por alguma coisa ocorre em nossa vida quando temos uma rápida visão do potencial para o nosso projeto vida. A paixão é desenvolvida quando você analisa o que quer na vida e encontra um plano para alcançar essas metas; quando se caminha em direção às metas planejadas; e, finalmente, quando se usa o coração para direcionar essa paixão. Além disso, no decorrer destes processos, é fundamental fazer os contatos certos, com pessoas que possuam atributos para lhe auxiliar no caminho.
Pessoas apaixonadas por sua atividade, além de se tornarem realizadoras, muitas vezes fazem desta paixão um instrumento capaz de melhorar o Universo e salvar vidas: Viviane Senna à frente do Instituto Ayrton Senna; Zilda Arns à frente da Pastoral da Criança; Dorina Nowill à frente da Fundação com seu nome; Carmen Prudente à frente do Hospital do Câncer; entre outros belos casos. Se você tiver interesse em conhecer mais pessoas usando sua paixão para salvar ou melhorar vidas, visite meu site na seção Click Cidadania.
Bem, vou deixar algumas dicas de paixão para sua reflexão:
Paixão é um sentimento que cria enzimas positivas em nosso metabolismo, colocando nosso corpo para funcionar a nosso favor.
Paixão necessita ser identificada e complementada com o desenvolvimento de competências.
Sua paixão pode estar adormecida em atitudes que faria por hobby e podem ser transformadas em resultados positivos para sua vida.
Paixão é um sentimento mágico que torna nossas ações mágicas e nos faz ver surgir à nossa frente o caminho que precisamos.
Adote sua paixão como referência de seus objetivos.
As maiores oportunidades da vida sempre escolhem a porta das pessoas apaixonadas pelo que fazem para ali entrarem e permanecerem.
Tenha paixão pela vida, tenha paixão por tudo que faz, assim a vida e tudo que você faz, também vão se apaixonar por você.

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