FOME ZERO EM DAVOS, NA SUÍÇA

 Fome Zero na campanha e Fome Zero no governo.
O programa Fome Zero vai a Davos, na Suíça, pela voz daquele que fez dela sua bandeira de campanha e governo.
Bem, um bom tempo já se passou desde o dia da posse e agora a Fome Zero viaja a Davos, mas deixa por aqui muitas pessoas morrendo de fome.
Impressionante o modelo! Uma novidade total, uma revolução na área social: o povo que pode doa e o governo que não pode distribui e leva a fama da Fome Zero, que ainda está longe do Zero e muito mais próxima do Show do Milhão.
Betinho já fez algo muito maior ao distribuir o grão, a LBV vem fazendo isto há 50 anos, o Rotary vem dando lindas lições a um século. Este trio é um exemplo, ao longo da história, em matar a fome em fases diversas de nosso país.
Enquanto a Fome não chega ao Zero, muitos ainda vão morrendo de fome.
Mas, a fome pode esperar claro…
A fome pode até chegar ao Zero, num dia de qualquer semana, mas ainda estará pronta para ir além do Zero num dia de outra semana qualquer.
Recolher e distribuir: todo dia, a cada instante, a cada minuto… Porém, até quando?
Eis por aí mais um programa e uma proposta populista sem estrutura para se manter, ou se desenvolver, depois de algumas reformas ou trocas de políticos, ou até mesmo de alguns fatos novos.
A fome do País tem que ser vista como uma obra empreendedora. Um projeto que possa atravessar governos e ficar nas mãos do povo, deixar de ser bandeira para ser um prato-cheio pela história social deste Brasil.
Discursos em Porto Alegre, discursos para a comunidade mundial em Davos… Apenas palavras buscando eco, aplausos e uma lustrada no ego de quem as emite.
Levar um fato real e em plena ocorrência, este é o nome do jogo que parece acontecer na Suíça…
Acho que já chega de vermos apenas o povo contribuindo – e muitas vezes se não fosse a seriedade de atividades como as de meu querido e saudoso Betinho, exército ou da LBV muito alimento não chegaria ao seu destino – àqueles estômagos que clamam por justiça, talvez mais até do que por pratos de comida.
Matar a fome de um País requer um projeto com vida própria: que tal parte da produção de alimentos ser destinada a centros de abastecimento, onde as pessoas cadastradas podem ter a semana de seu estômago garantido… Simples demais? Acho que sim, não daria muita mídia, não daria para se promover o suficiente nos meios de comunicação…
Quem quer chegar à Fome Zero deve andar com uma carriola de comida, já distribuindo por onde passa ou, melhor ainda, ao invés de apertos de mão, enfiar a mão num saco de arroz e distribuir “mãozadas” desse arroz por onde passar.
Hoje, como sempre, o povo dá, o governo administra, porém o alimento parece que nunca chega aonde deveria chegar… Mas isto ninguém vai mostrar…
Por acaso você se lembra de quantas matérias de remédios e alimentos, estragados, foram veiculadas na mídia, na própria campanha do Collor? Ele usou essas imagens de toneladas de alimentos e remédios abandonados, onde seus pés salvadores pisavam num clamor de justiça… Lembra disso?
Tentar convencer o mundo do que ele precisa, até meu filho de 7 anos saberia dizer muito bem num discurso de cinco minutos.
Tentar convencer o mundo de que se está fazendo algo e que pode ser bom para o mundo, eis aí o toque da verdade.
Quantas pessoas morriam de fome antes deste governo assumir? Quantas ainda morrem de fome depois que ele assumiu? Neste tempo, depois da posse, já teria dado para fazer muita barriga parar de roncar…
Talvez até trocar os shows e a própria cerimônia por distribuição de comida teria sido um bom exemplo na posse.
Que novidade é esta? Muita gente já faz isto, de maneira muito conciliadora e promissora, e nunca encontrou eco no governo, e continua fazendo mesmo assim. A ronda noturna da LBV continua levando sopas embaixo das pontes, pessoas continuam se mobilizando para recolher alimento de alguma maneira… Isto nunca parou.
Enquanto a sociedade encontra uma maneira de matar a fome de poucos, a política causa fome a muitos, deixando a impunidade levar dos cofres públicos milhões e milhões que poderiam estar sendo usados em estômagos, ao invés de depositados em bancos na Suíça ou nas Ilhas Cayman.
Quem sabe nessa ida a Suíça, depois da passagem em Davos, sobre um tempinho para uma análise nos bancos suíços e consigam trazer de volta esse dinheiro e usa-lo em projetos alimentares no Brasil. Ah! Talvez não dê, é claro! A “tchurma” tem de voltar para balançar a bandeira por aqui.
Uma creche em cada esquina, uma escola em cada quarteirão, um hospital em cada bairro e um centro de abastecimento popular em cada comunidade, seguidos de uma política menos prometedora e mais fazedora.
Enquanto eu escrevo este artigo alguém morreu de fome e enquanto você lê também.
Melhor que um programa de Fome Zero, talvez seja um programa de Governo Zero. Só que zero de corrupção, de erros políticos, de interesse próprio, de egoísmo, de violência, de qualquer ação que possa chamuscar o verde-amarelo de nossa bandeira e o coração de nosso povo…
Quem quiser possuir uma montanha, deve começar juntando todos os dias um punhado de terra.

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