O DIA DA BOLA

Quando se atravessa o Brasil, por uma centena de vezes ao ano, proferindo palestras, o tempo em um avião torna-se parte integrante de meus momentos de reflexão e até mesmo de ajustes nas informações que pretendo expor em minhas apresentações, um escritório aéreo, onde as nuvens fazem a paisagem e talvez eu tenha o privilégio de estar trabalhando mais perto do Criador.

Num destes momentos pelo ar, relembro uma conversa que tive com o Mestre D’Carlos, o estilista que cria as roupas masculinas que não falam, mas se comunicam. Um gênio em diversas direções e como todo gênio, para ser compreendido, é necessário que nos coloquemos além de nossos padrões de raciocínio para assimilarmos seus lampejos de genialidade.

Num destes lampejos, o Mestre D’Carlos comenta:

– Sabe, Cesar Romão, eu tenho observado muito algumas comemorações de datas que enaltecem alguns dias de nosso calendário, mas tem uma data que ainda não está lá e deveria estar: O Dia da Bola.

– O Dia da Bola, D’Carlos? eu digo.

– Claro, Cesar, a Bola! Esta mesma bola que faz de alguns homens, astros do futebol e milionários no mundo do esporte; esta mesma bola que tantas pessoas “acaricia” em frente a uma TV ou ainda com um rádio no ouvido ou nos estádios pelo mundo. A Bola merece ter o seu dia, pois ela muito já fez, faz e fará pelos dias de muitas pessoas.
A bola que quando balança uma rede no campo, ou uma cesta na quadra, balança também as emoções e o coração das pessoas.
Aquela que gera pódio, competições universais sem diferenças sociais ou políticas.
A que, em alguns lugares é feita de uma meia (feminina) velha e é jogada de lá pra cá, onde muitos pés tornaram-se dourados ao iniciarem sua carreira tocando uma simples bola-de-meia; que hoje evoluiu até as sofisticadas bolas planejadas em laboratórios do esporte.
A bola que tem vários nomes: bola-de-meia; capotão; bexiga de boi; sintética ou atlética; que faz a alegria do futebol de Pelé; do golfe de Tiger Wood; do beisebol de Babe Rudy; do basquete do Oscar Mão-Santa; do jogo de bocha de meu pai Antonio Romão; do vôlei de Montanaro; da sinuca de Rui Chapéu; da pelada no campo de várzea aos hiperprojetados estádios do mundo e que já existe há mais de 26 séculos antes desta nossa era.
Esta bola que desperta sonhos, constrói e diverte infâncias virando brinquedo de adulto e histórias que deixam saudade, finaliza.

O Mestre D’Carlos terminava de implantar, naquele momento, O Dia da Bola, no dia 12 de Março de 2005!

Quando você ouvir falar na comemoração do Dia da Bola, lembre-se sempre que foi um ato de carinho de uma genialidade espontânea e excêntrica de um dos grandes corações deste País.

Este momento lembrou-me quando o engenheiro paulistano Johan Dalgas Frisch, um amante dos pássaros e grande pesquisador das aves, reconhecido mundialmente por gravar pela primeira vez o canto do uirapuru, foi o responsável pela criação do Dia da Ave, em 5 de outubro.

Com certeza, a Bola vai correr com mais energia ainda e trazer mais alegria aos seus fãs em todo o mundo pois, agora, ela tem um dia para comemorar tantos feitos e emoções e depois de criar tantos gênios-da-bola, recebe de um gênio estilista sua maior homenagem.

O Dia da Bola, foi apenas mais um dos lampejos de um Mestre Estilista, D’Carlos. Talvez este tenha sido o jeitão mais carinhoso de alguém retribuir para a Bola um pouco do muito que ela faz brotar pelo caminho do esporte.

Um artesão deu uma pausa para criar o Dia da Bola.

O dia está instituído não por um craque das “pelotas”, mas por um craque dos Ternos Masculinos, que um dia se chamou Joãozito e agora atende por D’Carlos.

A história sempre nos mostra que lampejos de gênios atiram em todas as direções e, impressionantemente, acertam.

Leonardo da Vinci que o diga!

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